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Rafael Cervone

Hora de união

Ataque à Fiesp é infeliz e rasteiro; uma traição que não constrói, destrói

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Foi entre a surpresa e a incredulidade que li nesta Folha o artigo "Hora de Mudar", publicado nesta quinta-feira (11) e assinado por um colega que, assim como eu, ocupa uma das vice-presidências da Fiesp e do Ciesp, duas das maiores e mais importantes entidades representativas dos setores produtivos nacionais.

O artigo ataca relevantes entidades das quais voluntariamente fazemos parte e desmerece o trabalho de milhares de homens e mulheres que se esforçam todos os dias em prol da indústria e do Brasil. Tece críticas que nunca haviam sido feitas abertamente nos muitos anos em que ocupamos cargos nas entidades. Certamente poderia ter utilizado melhor o espaço para debater uma agenda construtiva.

O vice-presidente da Fiesp Rafael Cervone durante entrevista na sede da entidade, em São Paulo - Joel Silva - 12.nov.13/Folhapress

É inacreditável que no meio da pior pandemia já vista em cem anos, no auge de uma crise econômica sem precedentes, causada por uma doença que já matou mais de 40 mil brasileiros, alguém se aproveite deste momento para tentar emplacar uma agenda personalista, querendo antecipar a discussão da sucessão de um mandato que termina em 31 de dezembro de 2021.

Ao invés de pregar a união de esforços para superarmos essa crise, prefere atacar a Fiesp e o Ciesp. Um ataque infeliz e rasteiro a uma coletividade da qual se faz parte é sempre uma traição. Aquele que não constrói, destrói. Como ele integra este projeto desde o início, fica muito difícil entender tal atitude.

A verdade é que a relevância da Fiesp e do Ciesp nunca foi tão evidente. Foi-se o tempo das entidades acanhadas, omissas, indecisas e sem representatividade institucional.

Se queremos uma Fiesp e um Ciesp ainda mais fortes, formadores de opinião, com poder para trabalhar por uma agenda estruturante, que desenvolva o país e gere riqueza e renda, não devemos ter medo de assumir nossa vocação de entidades políticas apartidárias, com lideranças com voz ativa.

Essas casas, sob o comando do seu atual presidente, Paulo Skaf, se tornaram entidades vibrantes, que trabalham pelo Brasil e enfrentam com coragem os desafios do presente e do futuro.

Por isso, todas as discussões relevantes do país passam por aqui. A Fiesp e o Ciesp contam com sindicatos, departamentos, comitês, diretorias estaduais e regionais, além de conselhos temáticos, como o da micro e pequena indústria, desenvolvimento sustentável, tecnologia e inovação, indústria criativa, comércio exterior, agronegócio, entre outros.

Somos 6.000 dirigentes empresariais voluntários. Lideranças importantes em suas empresas, setores, entidades e comunidades. Representamos empresas de todos os portes, desde a pequena até a grande. E temos um olhar dedicado para cada uma delas.

Neste ano, também foi criado pelo presidente Skaf o Conselho Superior Diálogo pelo Brasil, que congrega presidentes e acionistas dos 50 maiores grupos empresariais privados, de todos os setores, para promover o debate para o desenvolvimento do país. Juntos, esses grupos têm valor de mercado de R$ 5 trilhões e faturam R$ 4 trilhões por ano e são os maiores empregadores brasileiros.

Nesta crise, além de lutar pela agenda econômica junto ao poder público para que o crédito chegue na ponta a quem precisa e pela postergação de impostos, entre outras medidas emergenciais importantíssimas para que as pessoas e as empresas sobrevivam à pandemia de Covid-19, também abraçamos a agenda social.

Por exemplo, a indústria de São Paulo, por intermédio do Sesi e do Senai, está produzindo quase 7 milhões de refeições para pessoas carentes, 1 milhão de frascos de álcool em gel e 1 milhão de máscaras cirúrgicas, além de consertar centenas de respiradores de hospitais públicos que estavam quebrados. Tudo isso feito em nossas instalações e distribuído gratuitamente. Esse é o espírito que nos orienta.

Não merece o nosso apreço quem se move por inveja, ambição pessoal, oportunismo ou ingratidão. Quem está no Ciesp e na Fiesp tem orgulho de pertencer às entidades. Sabe que trabalhamos por causas coletivas, e não por projeto pessoais. É hora de união.

Rafael Cervone

Engenheiro e empresário, é presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo)

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