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O caso da Nova Zelândia

País não tem mais casos de Covid-19, graças a suas geografia e boa governança

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Pessoas voltam às ruas em Nelson, na Nova Zelândia - Tatsiana Chypsanava/Reuters

Após 8 de junho, a população da Nova Zelândia pôde voltar a frequentar bares e restaurantes, a realizar cerimônias de casamento e comparecer a festas de aniversário, como fazia antes da chegada do novo coronavírus.

Esse esperado retorno à normalidade, após 75 dias de restrições, é fruto do sucesso —até aqui, é necessário ressalvar— do país no enfrentamento da Covid-19. O arquipélago de 5 milhões de habitantes, localizado no oceano Pacífico, anunciou que não abriga mais casos ativos da doença.

Novas infecções já não são reportadas há 18 dias, e o saldo, do início da pandemia até agora, é invejável para os padrões globais: 1.504 contaminações e 22 mortes.

O país tomou a decisão de agir cedo e de forma enérgica, adotando restrições duras com somente uma dezena de casos confirmados.

Fronteiras foram cerradas; praias, calçadões à beira-mar e parques públicos, fechados, assim como escolas, escritórios, bares e restaurantes. A população teve de permanecer em casa, com a exceção de trabalhadores essenciais, e uma maciça operação de testes e rastreamento de contatos foi montada.

Tais controles foram sendo afrouxados em fases, à medida que o país cumpria metas pré-estabelecidas. A retomada da atividade, contudo, ainda não está completa. Com a epidemia varrendo diversos países, as fronteiras neozelandesas permanecem bloqueadas.

O exemplo da Nova Zelândia não mostra apenas a importância de adotar e sustentar medidas de restrição social, bem como uma política coerente de testes —tarefas facilitadas pelas particularidades do país, pequeno, remoto e rico.

Ele deixa ainda patente que, em momentos como o atual, um governo que age de forma clara e sensata faz enorme diferença. Pandemias envolvem um desafio de comunicação, no qual líderes precisam persuadir populações inteiras a suspender suas vidas em decorrência de uma ameaça invisível.

Foi o que fez a primeira-ministra Jacinda Ardern. Em vídeos transmitidos de casa por meio de redes sociais, ela misturou lições de epidemiologia, discussões sobre as dificuldades causadas pela doença e mensagens de união contra o vírus.

Sua abordagem buscou fazer do esforço nacional um ato de cooperação, referindo-se a seus concidadãos como uma equipe de cinco milhões de pessoas encarregadas de manter uns aos outros saudáveis —atitude, sem dúvida, de causar inveja a liderados por figuras como Jair Bolsonaro e Donald Trump.

editoriais@grupofolha.com.br

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