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MEC, 4ª tentativa

Novo titular tem desafios imediatos como Fundeb; governo rebaixou expectativas

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O ministro da Educação, Milton Ribeiro, na cerimônia de posse - Isac Nóbrega/PR

A educação brasileira avança de modo apenas vegetativo, em ritmo insuficiente para superar deficiências históricas. Assim se deu em 2019, conforme dados que acabam de ser divulgados pelo IBGE.

Segundo a pesquisa, a taxa de pessoas de 15 anos ou mais que não sabiam ler nem escrever caiu de 6,8% para 6,6%. O Plano Nacional de Educação previa chegar a 6,5% em 2015 —e à erradicação do analfabetismo em 2024. Na velocidade atual, isso não acontecerá.

Houve alguma melhora no percentual de pessoas de 25 anos ou mais que concluíram ao menos o ensino básico obrigatório, que passou de 47,4% a 48,8%. Menos da metade dos brasileiros, portanto.

As cifras do abandono escolar seguem vexatórias. De acordo com o IBGE, dos 50 milhões de brasileiros entre 14 e 29 anos, 20,2% (10,1 milhões) não completaram alguma etapa da educação básica.

O principal motivo para a saída da escola, apontado por 39,1%, é a necessidade de trabalhar. Alarmantes 29,2% responderam que o fizeram pura simplesmente por desinteresse em estudar.

O enfrentamento desse quadro depende dos três níveis de governo. Enquanto estados e municípios são os principais provedores da educação básica, cabe ao governo federal aportar recursos e coordenar políticas nacionais —um exemplo é a reforma do ensino médio, que visa reduzir a evasão.

Entretanto o governo Jair Bolsonaro rebaixou as expectativas quanto ao desempenho do Ministério da Educação, assumido na quinta-feira (16) pelo quarto titular em pouco mais de 18 meses.

Pastor presbiteriano, formado em teologia e direito e doutor em educação, mas sem experiência em gestão pública, Milton Ribeiro declarou que procurará o diálogo com o setor e se comprometeu a respeitar a laicidade do ensino.

Não deixa de ser algum progresso após as passagens desastrosas de Ricardo Vélez Rodríguez e Abraham Weintraub, não apenas desqualificados para o posto como mais empenhados em cruzadas ideológicas e obscurantistas.

O terceiro nomeado para o MEC, Carlos Alberto Decotelli, que também prometia moderação, caiu em poucos dias devido à descoberta de falsidades em seu currículo.

Ribeiro será testado por desafios imediatos, casos da renovação do Fundeb, da retomada das aulas presenciais após o pior da pandemia e da realização do Enem. Um ano e meio já foi perdido.

editoriais@grupofolha.com.br

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