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Tucanos na mira

Ainda que tardias, acusações contra Alckmin e Serra merecem exame rigoroso

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Os tucanos Geraldo Alckmin e José Serra - Pedro Ladeira - 26.jun.18/Folhapress

Passados mais de seis anos desde o início da Operação Lava Jato, é possível constatar que as investigações sobre corrupção causaram menos incômodo ao PSDB do que ao PT e ao MDB, siglas que se revezaram no poder com os tucanos por três décadas.

Acusado de receber propina da gigante de alimentos JBS e das empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez, o deputado Aécio Neves (MG) é réu em duas ações penais, mas elas tramitam lentamente e parecem longe de um desfecho.

Nas últimas semanas, uma ofensiva desconcertante atingiu o senador José Serra e o ex-governador Geraldo Alckmin, que mandaram em São Paulo por quase vinte anos e concorreram duas vezes cada um à Presidência da República.

No início deste mês, o Ministério Público apresentou à Justiça denúncia contra Serra pelo crime de lavagem de dinheiro. Ele e sua filha são acusados de movimentar ilegalmente no exterior recursos destinados a campanhas eleitorais do senador.

Em outra ação, desencadeada na terça-feira (21), a Polícia Federal fez buscas em endereços ligados a Serra e prendeu um empresário apontado como articulador de um esquema de caixa dois.

Um despacho do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, frustrou a tentativa dos policiais de estender as buscas ao gabinete do tucano no Senado.

Na quinta (23), promotores de São Paulo pediram à Justiça Eleitoral abertura de ação contra Alckmin, acusado de receber mais de R$ 10 milhões do caixa dois da Odebrecht para suas campanhas.

A influência política de Serra e Alckmin hoje em dia é uma sombra pálida da exercida no passado. Ainda assim, a sequência de ações assombra os tucanos, ao revirar esqueletos de administrações passadas e relações com empreiteiras.

Alckmin disse que as acusações contra ele são infundadas, mas se afastou do posto que se preparava para assumir na coordenação da campanha do prefeito da capital, Bruno Covas, que deve concorrer à reeleição neste ano.

As ações são particularmente embaraçosas para o governador João Doria, que está de olho nas eleições de 2022 e vem se distanciando da velha guarda do partido para tentar viabilizar suas notórias aspirações presidenciais.

Caberá agora à Justiça examinar os casos de Aécio, Serra e Alckmin com o rigor adotado contra políticos de outros partidos. Espera-se também que o faça com celeridade e atenção a eventuais excessos da Lava Jato —que não seriam os primeiros— nessas ações tardias.

editoriais@grupofolha.com.br

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