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Vicente Cândido e Ivan Grava

Com atletas contaminados e jogos suspensos, o Brasileirão deveria ser paralisado? NÃO

Retomada ocorreu após inúmeras discussões entre especialistas

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Vicente Cândido

Advogado, é diretor de Assuntos Institucionais e Internacionais do Corinthians e ex-deputado federal pelo PT (2011-18)

Ivan Grava

Ortopedista e traumatologista, é diretor do Departamento Médico do Corinthians

A falta de uma estratégia clara, unificada e bem definida para a retomada das atividades pós-pandemia deixou gestores e dirigentes, não só do futebol, mas de tantos outros setores da economia, desorientados num dos momentos mais desafiadores da história da humanidade.

A absoluta necessidade de sobrevivência levou uma maioria alargada dos dirigentes do futebol a defender a volta dos jogos sem público o quanto antes, já que este setor da economia praticamente não contou com nenhuma ajuda do poder público, que se resumiu a uma suspensão provisória de pagamentos de tributos. Daí a necessidade de dar continuidade aos certames.

Apesar dos obstáculos a serem superados, acreditamos fortemente que, com os devidos cuidados, podemos, para além da retomada econômica, ser também um veículo de mensagem positiva e de entretenimento para milhares de brasileiros que admiram e desfrutam o futebol.

Em casa, cumprindo o isolamento social, esses torcedores terão também no seu cardápio uma boa opção de lazer e de combate ao estresse. Dado o alcance social do futebol, trata-se ainda de processo pedagógico na direção inevitável do gradual retorno que todos os ramos de atividade humana terão de enfrentar, mais dia menos dia.

A retomada do futebol no nosso país aconteceu após inúmeras discussões entre médicos, tanto os que participam do a dia a dia do futebol quanto infectologistas e profissionais de outras especialidades, com o objetivo de minimizar ao máximo os riscos de que qualquer trabalhador envolvido em sua operação pudesse ser acometido pela doença. Não por acaso a experiência, até aqui, tem sido muito bem realizada e avaliada.

Para tal, foram discutidos e estabelecidos protocolos para que tivéssemos um retorno gradual e seguro das atividades, até que pudéssemos chegar ao momento dos jogos, o que vem se desenrolando de forma bem-sucedida desde a conclusão de várias competições estaduais.

Esses protocolos se basearam sempre na maior segurança possível, tendo como prioridade o controle da saúde de todos os envolvidos, por meio da realização de vigilância epidemiológica e testes para diagnóstico precoce de pessoas infectadas pela Covid-19 e controles rigorosos da disseminação da infecção.

Certamente o futebol é um dos setores em que está sendo realizado o maior número de testes para a detecção da Covid-19, o que nos traz muita segurança para manter a sua retomada, tendo foco principal na saúde —tanto dos profissionais envolvidos quanto de seus familiares.

Até o momento verificamos que, apesar de acontecerem situações de aparecimento da enfermidade com alguns times de futebol, isso ocorreu exatamente por serem feitos testes para Covid-19 e, de forma precoce, seus diagnósticos surgirem como um norte para medidas imediatas de proteção sanitária.

Foi desta forma que puderam ser realizadas as medidas necessárias para tratamento, incluindo o isolamento —o que comprovadamente diminui as taxas de transmissão da doença.

A defesa da continuidade dos jogos é embasada em ciência e, assim como a Europa já demonstrou, essa retomada consciente vem ocorrendo sem grandes percalços.

Através do futebol, e de um sistema rigoroso de controle e testagens, podemos entender melhor a respeito dessa doença e, com isso, até colaborar com a comunidade científica e as autoridades em ações futuras.

TENDÊNCIAS / DEBATES
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