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Horror americano

Racismo policial renova onda de protestos, cujo efeito pode ir além das eleições

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Protesto em Kenosha, no estado de Wiscosin - Brandon Bell/AFP

Serem recorrentes não torna os episódios de truculência policial nos Estados Unidos menos brutais.

O caso mais recente desse horror americano ocorreu no domingo passado (23) em Kenosha, no estado de Wisconsin, quando a polícia disparou ao menos sete vezes contra o negro Jacob Blake, 29, na frente de seus três filhos. Blake deve ficar paralisado da cintura para baixo, segundo sua família.

Repete-se aqui uma brutalidade física e simbólica. Em maio, George Floyd, 46, também negro, foi morto por um policial que o sufocou com o joelho por nove minutos, em plena luz do dia e sob os olhares das câmeras.

Outra vítima deste ano, Breonna Taylor, 26, técnica de emergência médica, foi morta em março em seu apartamento enquanto dormia.

Nos últimos dias, ondas de protestos antirracistas e contra a violência das forças oficiais de segurança eclodiram em Kenosha e ao menos outras três cidades. Os atos se somam à série de manifestações que ocorrem no país desde maio. Até os jogadores da estelar liga profissional de basquete paralisaram uma série de jogos decisivos.

Há registros de vandalismo, incêndios e presença de grupos civis armados, majoritariamente compostos por brancos. Entre eles está um adolescente de 17 anos, preso na quarta (26) sob acusação de ter sido responsável pelo assassinato de duas pessoas.

Os protestos influenciam os dois lados da disputa eleitoral. Republicanos investem na retórica da lei e da ordem. Na convenção do partido, o vice-presidente, Mike Pence, afirmou que os EUA não estarão seguros caso o opositor Joe Biden conquiste a Casa Branca.

Os democratas endossam, ao menos em parte, o discurso antirracista a fim de mobilizar o eleitorado jovem e negro. O aceno se complementa com a escolha da senadora Kamala Harris para vice na chapa.

Independentemente do desfecho da eleição, no entanto, a onda de manifestações parece ter gerado impactos mais duradouros na sociedade americana. O mote “sem justiça, não há paz” e a indignação com o racismo policial têm grandes chances de persistir enquanto houver mais Blakes, Floyds e Taylors.

editoriais@grupofolha.com.br

Erramos: o texto foi alterado

O nome da senadora Kamala Harris foi grafado como Karris na primeira versão deste texto. O erro já foi corrigido.

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