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Reinfecção

Caso de nova contaminação traz implicações para o combate à Covid-19

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Profissional de saúde em sala com respiradores no hospital Emílio Ribas, em São Paulo
Profissional de saúde em sala com respiradores no hospital Emílio Ribas, em São Paulo - Miguel Schincariol/AFP

Já havia relatos anedóticos de reinfecção por Covid-19, mas permanecia a dúvida se eram casos autênticos de nova contaminação ou movimentos de piora em quadros prolongados da mesma doença.

Agora, entretanto, constatou-se de fato a possibilidade de reinfecção depois de apenas alguns meses do primeiro contágio —cientistas da Universidade de Hong Kong conseguiram documentar de forma convincente um episódio.

Um honconguês de 33 anos, que ficara doente, se recuperara e recebera alta em abril, viajou à Espanha e, ao regressar, no início deste mês, submeteu-se a teste para a doença com resultado positivo, embora sem sintomas —nada como uma vigilância epidemiológica funcional, diga-se de passagem.

Agora que uma nova contaminação foi provada, pode-se esperar uma alta nos registros. Bélgica e Holanda já fizeram anúncios. São Paulo mantém um ambulatório para essas situações.

Resta ainda saber quão frequente é o segundo contágio. Mesmo que o fenômeno se mostre bastante raro, devem-se esperar ocorrências dado que já contamos globalmente com mais de 26 milhões de casos de Covid-19 (que chegam às centenas de milhões se levarmos em conta a subnotificação).

Não termos visto multidões de asiáticos —os primeiros vitimados pelo vírus— voltando a adoecer é de certa forma tranquilizador, assim como o fato de que a segunda infecção do paciente honconguês tenha sido assintomática.

Obviamente, seria preferível que uma infecção por Covid-19, a exemplo do que se dá em moléstias como o sarampo, proporcionasse imunidade. Esse nunca se afigurou o cenário mais provável, porém.

Muitos especialistas já apostavam que o Sars-CoV-2 acabaria por se tornar endêmico, a exemplo dos vírus das gripes sazonais e dos resfriados, que os corpos humanos aprenderam a combater.

Do ponto de vista prático, a reinfecção traz algumas implicações. A ideia de passaporte da imunidade, que já andava em baixa, sai ainda mais chamuscada. Quem já teve a doença não pode se considerar protegido com certeza senão por um período muito fugaz.

Quanto à vacina, fica reforçada a perspectiva de reaplicação periódica. Pacientes recuperados provavelmente também deverão entrar na fila da imunização, ainda que não como grupo prioritário.​

editoriais@grupofolha.com.br

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