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Em boa hora, ensino médio paulista reage a aumento de evasão escolar

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Reunião de integrantes do grêmio da escola estadual Maria José, na Bela Vista (centro de SP)
Reunião de integrantes do grêmio da escola estadual Maria José, na Bela Vista (centro de SP) - Bruno Santos - 9.set.16/Folhapress

As mazelas do ensino público manifestam as piores consequências na reta final da educação básica, quando adolescentes desistem às pencas de estudar. A suspensão das aulas com a Covid-19 acentua a tendência, e se prevê alta da evasão devido à retração da renda familiar e à necessidade de trabalhar.

Antes da pandemia já não faltavam incentivos perversos para o abandono do ensino médio, que em São Paulo correspondia já no primeiro ano a um quarto dos jovens matriculados na rede estadual. Estima-se agora que a desistência possa chegar a 35%, mas sistemas oficiais de ensino se mobilizam para prevenir o pior.

Longos debates sobre as causas do fenômeno culminaram no diagnóstico de que o currículo estava dissociado dos interesses dos estudantes. Matérias tradicionais mal e mal transmitiam conteúdo obrigatório, enquanto se afastavam das habilidades exigidas na vida comunitária e no trabalho.

A busca de soluções se fez em dois trilhos. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) lançou diretrizes gerais para flexibilizar disciplinas e sua grade, permitindo à escola adaptar-se às preferências e realidades vividas pelos jovens.

Além da BNCC, em 2017 uma lei federal estipulou que se ofereçam aos adolescentes opções de cinco itinerários formativos: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e sociais, formação técnica e profissional.

São Paulo sai na frente com a reformulação. Segundo aprovou o Conselho Estadual de Educação, os alunos de ensino médio passarão a contar em 2021 com 12 trajetos de curso para escolher, incluindo 6 itinerários integrados, como ciências humanas e linguagens.

A implantação do novo sistema será paulatina, no maior número possível das 3.737 escolas da rede estadual, segundo a Secretaria da Educação. Cada estabelecimento terá de manter ao menos dois itinerários, e os estudantes poderão cursar em escolas próximas disciplinas não ministradas ali.

O governo paulista promete ainda aumentar a oferta de currículos para formação técnica, os preferidos por 70% dos matriculados no período noturno. É o rumo certo para reter na escola aqueles que já trabalham, ao mesmo tempo em que aperfeiçoam as competências para avançar na vida profissional.

Depois de São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais, Paraíba e Mato Grosso do Sul se preparam para adotar os novos currículos até o final deste ano. Sinal auspicioso de que a sociedade não se conforma à omissão criminosa do MEC e à paralisia federal diante da pandemia.

editoriais@grupofolha.com.br

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