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Ignacio Ybáñez

UE e Brasil: juntos na recuperação verde

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Ignacio Ybáñez

Embaixador da União Europeia no Brasil

O mundo se prepara para tratar de impactos em longo prazo da pandemia de Covid-19. Mas quais são as lições aprendidas na crise para desenvolver um futuro melhor?

A primeira é a profunda interdependência entre nossos países e regiões e a alta exposição que todos temos a choques externos inesperados. A segunda lição é que nenhum pais pode enfrentar a pandemia sozinho e que o multilateralismo e a solidariedade global funcionam. A terceira é a necessidade de aceitar a ciência como aliada fundamental na luta contra o novo coronavírus.

O embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez
O embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez - Pedro Ladeira - 8.abr.20/Folhapress

E é aí que chegamos às mudanças climáticas e à degradação ambiental. A Covid-19 é uma tragédia humana sem precedentes, mas a ciência nos diz que isso é apenas um aviso em comparação com os riscos existenciais para nossa civilização associados ao aquecimento global. A ciência nos alerta também de que muitos novos surtos de doenças infecciosas são cada vez mais acentuados pelos impactos do aquecimento global ou pela degradação do meio ambiente.

Ecossistemas saudáveis são um pré-requisito para a sobrevivência da humanidade. Mudanças climáticas não tratadas e degradação ambiental levarão a consequências catastróficas, inclusive tornando grandes partes do nosso planeta inabitáveis já nas próximas décadas.

O aquecimento global é mais difícil de se enfrentar do que a pandemia da Covid-19. Não haverá vacina contra as mudanças climáticas e seus impactos devastadores. Devemos adotar, juntos, uma ação climática ousada e corajosa. Devemos usar a recuperação econômica da Covid-19 para acelerar a transição para um futuro mais seguro e resiliente.

As escolhas que fazemos hoje definirão o futuro de amanhã. Nos próximos dois anos, governos de todo o mundo procurarão gastar cerca de 10 trilhões de euros (quase R$ 60 trilhões) emprestados das gerações futuras. Os planos de recuperação proporcionam uma oportunidade única para "construir de novo melhor" e investir em uma economia do século 21, e não na obsoleta economia de carbono do século passado.

Juntamente com os chefes de Estado ou de governo da União Europeia, a Comissão Europeia confirmou seu compromisso com uma recuperação verde e digital.

Através do nosso plano de recuperação, chamado Next Generation EU ("Nova Geração UE"), e um orçamento renovado da UE, cada euro será investido para recuperar a Europa, acelerando as transições verdes e digitais e criando uma sociedade mais justa. Além disso, a Comissão propôs que 25% do orçamento da UE para os próximos sete anos sejam gastos em investimentos climáticos, como em economia circular, restauração de ecossistemas, ambiente de construção (reforma), mobilidade (eletrificação) e energia (fontes renováveis e hidrogênio limpo).

A UE continuará com o objetivo de ser neutra em termos de clima até 2050, e desafiamos qualquer um a nos superar, para que toda a humanidade vença.

Na sua Estratégia de Biodiversidade para 2030, a UE, assumindo grandes compromissos em proteger e restaurar seus ecossistemas, está pronta para liderar esforços para chegar a um ambicioso novo quadro global de biodiversidade para o pós-2020 na próxima COP 15 sobre diversidade biológica.

Uma solidariedade global, um comércio aberto e justo e um multilateralismo baseado em regras são cruciais para evitar uma recuperação intensiva em combustíveis fósseis e recursos não renováveis.

Instamos todos os parceiros internacionais, e em particular o Brasil e seus cidadãos, a adotarem políticas claras e robustas de baixo carbono e estratégias de recuperação verde. Isso dará às nossas sociedades um senso de direção e propósito, e guiará investidores, empresas, trabalhadores e consumidores em direção à sustentabilidade.

A União Europeia está pronta para empenhar-se com o Brasil, o Mercosul e os parceiros do mundo inteiro direcionando investimentos para atividades econômicas ambientalmente sustentáveis. Compartilharemos conhecimentos, projetos, explicaremos nossos regulamentos e princípios para um financiamento sustentável. Trata-se de permanecer fiéis aos nossos valores, ouvir a ciência, fortalecer nossas economias e construir um futuro melhor. Não há alternativa realista à recuperação verde.

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