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Roberto Kalil Filho e Fabio Jatene

As sequelas da Covid-19 no coração

Alterações cardíacas também podem atingir os infectados de forma leve

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Roberto Kalil Filho e Fabio Jatene

Respectivamente, presidente e vice-presidente do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP)

O InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas), em São Paulo, foi pioneiro em técnicas de transplante cardíaco, é referência em cardiologia e pneumologia na América Latina e é um dos principais centros do mundo nessas especialidades. Ele tem como missão atuar na fronteira do conhecimento para gerar inovações na medicina e bem-estar para a sociedade. Isso não poderia ser diferente na pandemia.

Hoje trabalhamos na linha de frente do tratamento de pacientes acometidos pela Covid-19. No front da pesquisa para desenvolver uma vacina brasileira contra o coronavírus, estão em andamento uma série de estudos para descobrir seus impactos em diversos órgãos do organismo —em particular, suas consequências sobre sintomas cardiovasculares e pulmonares e suas conexões com doenças preexistentes e fatores de risco.

Estudos recentes têm demonstrado que o coração pode ser acometido pelo vírus. Há evidências de inflamação no músculo cardíaco e na membrana que o reveste, o pericárdio. Isso, conforme vem sendo estudado, parece ocorrer tanto em indivíduos com as formas mais graves quanto naqueles com as formas mais leves da doença. Além disso, outro dado que chama a atenção é que essas alterações cardíacas são mais frequentes do que se imaginava inicialmente.

Assim, verifica-se que será fundamental o acompanhamento cardiológico não apenas das pessoas que tiveram a doença em sua forma mais grave, mas também dos pacientes que se recuperaram da Covid-19.

Com base na expertise adquirida na linha de frente do combate à doença e no diálogo com grandes centros médicos e de pesquisa congêneres no mundo todo, o InCor iniciou um programa de acompanhamento cardiológico e pneumológico dos pacientes que foram por ela acometidos.
Dentro desse contexto, o InCor está liderando uma pesquisa inédita no Brasil que vai mostrar as complicações cardíacas e os efeitos pós-Covid-19 em pacientes que necessitaram de internação em função da gravidade da doença. Trata-se do estudo multicêntrico CoronaHeart (Registro Nacional de Complicações Cardíacas), que tem a participação de 26 centros em todo o país. Iniciado em maio deste ano, o levantamento está na fase de coleta de dados e deve ter seus primeiros números divulgados em novembro próximo.

O objetivo é conhecer e prevenir as complicações cardíacas e gerar novos conhecimentos sobre o impacto da doença no coração, que resultarão em novos tratamentos. O estudo do InCor vai nessa direção.

Até aqui, os levantamentos feitos pelo InCor têm apontado que a próxima fase da pandemia exige a continuidade do esforço da sociedade, o que vai exigir uma coordenação fina de todos os agentes da saúde pública no Brasil, em âmbito municipal, estadual e federal. Temos que seguir unidos e de forma coordenada, alinhados com os avanços científicos nessa área.

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