Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2019, conhecidos na semana passada, mostram um pequeno avanço no desempenho das redes brasileiras de ensino em relação à avaliação anterior, de 2017.
Pela primeira vez desde 2009, houve progresso significativo no ensino médio público, onde se formam 85 de cada 100 jovens no Brasil, embora a nota das escolas ainda esteja longe das metas estipulados para quase todos os estados.
O Ideb multiplica o resultado de provas de matemática e português pelo percentual de alunos que passam de ano. Numa escola em que os jovens tiraram 6 e 90% foram promovidos, o Ideb será 5,4. Avalia estudantes no fim do primeiro ciclo do ensino fundamental, tipicamente aos 10 anos, na série derradeira do segundo, aos 14, e os concluintes da instrução média, aos 17.
As metas foram traçadas de acordo com o patamar das diversas redes de ensino em meados da década passada, de modo a fazer todas elas convergirem para alta proficiência conforme o século avance.
A realidade, no entanto, tem ficado aquém da trajetória desenhada.
A não ser pelo desempenho nos anos iniciais da etapa fundamental —na qual as redes públicas em 20 dos 26 estados conquistaram sua meta em 2019—, alcançar o alvo tem sido mais exceção que regra.
No final do ciclo fundamental, em sete estados as redes públicas atingiram suas metas. Na conclusão do ensino médio, apenas Goiás e Pernambuco conquistaram pontuação suficiente para batê-las.
Alagoas, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Paraná, Pernambuco e Piauí compõem o pequeno grupo em que a rede pública exibe proficiência satisfatória em uma ou mais etapas. Seu segredo consiste em mobilizar forças locais em torno de práticas sabidamente eficientes de gestão escolar e transmissão do conhecimento. É o básico.
A surpreendente quebra da letargia no ensino médio pode indicar que os bons exemplos vão se disseminando pelas outras redes públicas. É uma pena, para não dizer uma tragédia, que a extensa paralisação das atividades escolares durante a pandemia vá provavelmente interromper esse processo.
Não se requer um “plano Marshall” para recuperar a infraestrutura após a onda infecciosa. Mas uma mobilização nacional com aquele espírito de reconstrução do pós-guerra europeu seria recomendável para salvar essa geração de estudantes do atraso para onde ruma pela contingência e pela falta de coragem política de abreviar ao máximo o tempo fora da escola.
Não há outra batalha tão vital para atacar as causas da desigualdade e da estagnação seculares no Brasil e propiciar uma nação mais solidária e próspera no futuro visível.
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