Quase seis meses após a Organização Mundial da Saúde ter declarado o início da pandemia de Covid-19, ainda não há resposta peremptória a uma das questões mais prementes e relevantes relacionadas à calamidade sanitária: o retorno das atividades escolares.
Mundo afora, tentativas bem-sucedidas, caso de Dinamarca, Alemanha e outras nações europeias, são contrabalançadas por malogros como os de Israel e de algumas regiões da França e dos EUA. Tampouco existe certeza sobre o papel dos mais jovens nas cadeias de transmissão do novo coronavírus.
A despeito da falta de evidências que permitam sustentar uma posição cabal sobre o tema, vêm se formando alguns consensos que deveriam ser consideradas por qualquer gestor envolvido com a questão.
O plano do estado de São Paulo, cujos detalhes foram publicados nesta terça (1º), felizmente parece cumprir a maior parte deles.
A partir do dia 8 de setembro, estabelecimentos públicos e privados poderão retomar, de forma experimental, atividades não curriculares, como reforço e recuperação, acolhimento emocional, plantão de dúvidas e orientação de estudos.
Essa possibilidade dependerá, em primeiro lugar, de condições epidemiológicas favoráveis. Assim, apenas municípios que estejam há pelo menos 28 dias na classificação amarela, a terceira numa escala de cinco no índice de evolução da Covid-19, estarão aptos ao retorno.
Ademais, as turmas serão bastante reduzidas, e os estabelecimentos de ensino deverão seguir os protocolos de saúde, como distanciamento de 1,5 metro, uso de máscara e distribuição de álcool em gel.
Corretamente, educadores e outros profissionais pertencentes aos grupos de risco serão poupados, a não ser que não queiram, de frequentar as atividades presenciais. Também será facultado aos pais a decisão de enviar ou não os filhos, medida justa para proteger lares em que vivam pessoas com comorbidades como diabetes e hipertensão.
O longo período fora das escolas acarreta muitos prejuízos, sobretudo aos mais carentes. Cálculo de grupo ligado à Rede de Pesquisa Solidária estima que alunos entre os 20% mais pobres sofrerão perdas de até 87% do aprendizado de um ano normal.
A volta às aulas, assim, se afigura fundamental, mas é preciso fazê-la com segurança. Se bem conduzido, o plano paulista poderá representar um período importante de testes para o retorno definitivo, planejado para o próximo mês.
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