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Alerta global

FMI vê risco provocado pela alta das dívidas públicas; caso brasileiro é grave

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Operadores na Bolsa de Nova York - Spencer Platt - 20.mar.20/AFP

Houve boas notícias na revisão do cenário econômico divulgada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), por ocasião de seu encontro anual. A projeção para a contração global neste 2020 ficou menor, em razão do suporte propiciado pelos governos com mais gastos e cortes de juros. Entretanto a saída da crise será lenta e deixará cicatrizes.

Segundo o Fundo, a economia mundial deve encolher 4,4% neste ano, menos do que os 5,2% estimados há seis meses. Para 2021, a expectativa de retomada foi ajustada de 5,4% para 5,2%.

Quase todas as regiões tiveram melhores prognósticos. Estados Unidos e Europa terão quedas do Produto Interno Bruto menos agudas, assim como o Brasil —para o qual o FMI agora projeta retração de 5,8%, contra 9,1% antes.

Apenas a China terá crescimento, de 1,9% neste ano e incríveis 8,2% em 2021, segundo o organismo. No agregado, considerada a exceção chinesa, a volta ao nível de atividade de antes da pandemia só ocorrerá em 2022 ou 2023.

Até lá, risco de danos permanentes no mercado de trabalho é alto, ocasionados pelo fechamento de empresas, sobretudo as menores.

A desigualdade deve aumentar, com reversão de parte do progresso obtido nas últimas duas décadas no combate à pobreza.

Outro dano se dá na saúde financeira, tendo em vista o salto do endividamento público devido a alta de gastos e de cortes de impostos, estimados em US$ 12 trilhões, para combater os efeitos da Covid-19.

Nos países desenvolvidos, a dívida crescerá 20 pontos percentuais, para 125% do PIB até o final de 2021, enquanto no mundo emergente a proporção chegará a 65% do PIB. Pelos critérios do Fundo, serão mais de 100% no Brasil.

Há certamente hipóteses mais positivas. Caso se confirme a expectativa de que haverá vacinas eficazes para ampla distribuição até meados de 2021, o crescimento econômico poderá ser maior que o esperado. Enquanto isso, o FMI sugere que os países com maior espaço fiscal estendam parte dos estímulos para o ano que vem.

Mesmo assim, fica o alerta para o tamanho da dívida e para a necessidade de buscar receitas com maior tributação dos mais ricos e redução de subsídios perdulários.

Tais preocupações se mostram especialmente importantes no caso do brasileiro, dado o estado calamitoso das finanças governamentais. Com a maior dívida entre os emergentes e riscos crescentes de instabilidade financeira, o país não tem opção além de ajustar o Orçamento e fazer reformas, incluindo impostos mais progressivos.

editoriais@grupofolha.com.br

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