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Debate sem debate

Engessado, encontro de candidatos em SP pouco aprofunda as questões locais

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Candidatos a prefeito de São Paulo no debate - Bruno Santos/Folhapress

Muitos candidatos e pouco confronto de ideias. O primeiro debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo, promovido na noite de quinta-feira (1º) pela Band, deixou a desejar tanto em temperatura política quanto em discussões com vistas a enfrentar os problemas da maior cidade do país.

Com a presença dos 11 postulantes, submetidos a regras que, embora equilibradas, comprimem a exposição de propostas, o encontro serviu de pontapé inicial televisivo para uma campanha que ainda parece longe de despertar a atenção dos paulistanos —e que deverá ter embates mais acirrados no palco das redes sociais.

Sob o signo da pandemia do novo coronavírus, temas como crise econômica, desemprego e projetos de renda básica ocuparam boa parte das perguntas e respostas.

São sem dúvida assuntos candentes, que inflamam o debate nacional, mas sobre os quais o poder municipal tem reduzida capacidade de atuação. Ainda que programas locais possam ser implementados para aplacar as urgências do atual momento, cumpre superar a retórica eleitoreira para mostrar a viabilidade das propostas.

São de pouca serventia, por exemplo, alegações como a do candidato Celso Russomanno (Republicanos), para quem o apoio do presidente Jair Bolsonaro propiciará uma fantasiosa renegociação da dívida da cidade de modo a gerar recursos para um programa de auxílio aos mais pobres.

Vejam-se, a esse respeito, as tribulações que o próprio governo federal enfrenta na tentativa de tirar dinheiro da cartola —ou do bolso dos contribuintes— para lançar o seu almejado Renda Brasil.

É fato que o clima nacional reflete-se na campanha municipal, tratando-se de um centro com o destaque e o peso de São Paulo. É fundamental, contudo, que os candidatos apresentem medidas palpáveis para fazer frente aos inúmeros problemas da metrópole.

Os paulistanos deparam-se no cotidiano com uma cidade atravessada por desigualdades, que deixa de prestar serviços básicos. Carências na área de transporte público, saúde, educação e zeladoria se arrastam de gestão em gestão.

Se o formato do debate não favoreceu detalhamentos, também é fato que a disputa paulistana tem servido com indesejável frequência a candidatos que arrolam promessas mirabolantes em busca de uma plataforma provisória para ambições estaduais ou nacionais.

editoriais@grupofolha.com.br

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