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Emprego incerto

Corte do auxílio emergencial eleva procura por vagas, sem garantia de oferta

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Fila para sacar o auxílio emergencial em São Paulo - Havolene Valinhos - 27.abr.20/Folhapress

Embora melhorem as expectativas para a recuperação na economia até o final do ano, o prognóstico para o mercado de trabalho continua a assustar. É usual que os empregos demorem um pouco mais a aparecer numa retomada, mas os riscos desta vez são maiores.

O IBGE indicou que a desocupação atingiu 13,8% no trimestre encerrado em julho, o maior nível da série iniciada em 2012. No trimestre até abril, a taxa era de 12,6%.

No indicador da subutilização da força de trabalho, incluindo os desalentados e os que gostariam de trabalhar mais horas e não conseguem, a cifra chega a 30,1%, também a maior da série.

Entre um trimestre e outro foram perdidos 7,2 milhões de postos de trabalho. O salto do desemprego teria sido muito maior não fosse a saída de 6,8 milhões da força de trabalho —seja por causa da inviabilidade do retorno em muitos setores, seja graças ao auxílio emergencial do governo.

Se a demanda por vagas tivesse ficado inalterada em relação ao nível anterior à pandemia, a desocupação superaria 20%. Ainda que esse cálculo seja apenas um exercício teórico, o número serve de alerta para os desafios adiante.

A redução do auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300 mensais a partir deste outubro e a provável extinção do benefício no formato atual em 2021 sugerem que mais pessoas voltarão a buscar vagas no mercado. Se a atividade não mostrar dinamismo, a piora das estatísticas será dramática.

Até aqui há surpresas positivas em alguns setores empregadores. A construção civil, por exemplo, mostrou bom desempenho durante a pandemia; a indústria já se aproxima do nível de produção anterior à crise, impulsionada pelo consumo de bens, sobretudo alimentos e não duráveis em geral.

Entretanto é o setor de serviços o maior responsável pela oferta de vagas —incluindo aí os segmentos mais atingidos pela pandemia, como alimentação fora do domicílio, turismo e serviços pessoais.

Preocupa em especial o risco de que muitos dos empregos destruídos não voltem, consolidando um nível de desocupação elevado no país.

A melhor forma de evitar um cenário social desolador seria um bom controle da pandemia, algo em que o país já fracassou. Resta defender a renda dos mais pobres, reforçar a estabilidade econômica com boa gestão das contas públicas e conduzir as reformas necessárias para acelerar o crescimento.

editoriais@grupofolha.com.br

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