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EUA das Bananas

Trump e Biden dão péssimos exemplos para a democracia na reta final da eleição

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Debate entre os candidatos a vice-presidente dos EUA, a democrata Kamala e o republicano Mike Pence - Brian Snyder/Reuters

Vinte anos atrás, o mundo prendeu a respiração durante um mês, enquanto uma batalha legal se desenrolava sobre a contagem dos votos da eleição presidencial americana na Flórida. Ao fim, ganhou o republicano George W. Bush, após polêmica decisão da Suprema Corte.

Já naquele momento muito se questionou sobre as qualidades bizantinas do processo eleitoral americano, no qual o vencedor não precisa ter o maior número de votos populares, como ocorreu com Donald Trump em 2016.

Não bastassem essas peculiaridades, o atual presidente decidiu colocar sob suspeição os votos antecipados no pleito do próximo dia 3.

Em repetidas ocasiões, sugeriu que não faria uma transição se perdesse a eleição, pois isso só poderia ocorrer por meio de fraude a favorecer o democrata Joe Biden.

A tese é estapafúrdia e, ainda que tensionado, o aparato institucional americano parece forte o suficiente para conter tal golpismo. Entretanto a ideia está no ar e contaminou até integrantes mais racionais de sua administração, com o vice-presidente, Mike Pence.

Em debate com a vice da chapa de Biden, Kamala Harris, o republicano foi menos assertivo, mas usou de evasivas para tratar da questão.

Para constranger mais o eleitor americano, há sinais inquietantes também do lado democrata.

Biden e Kamala estão em campanha contra a indicação à Suprema Corte de Amy Coney Barrett por Trump à vaga de Ruth Bader Ginsburg, morta mês passado. Se efetivada, a nomeação criará uma maioria de 6 votos conservadores entre os 9 membros do tribunal.

Os democratas alegam que a eleição já está em curso e que, por essa razão, apenas o próximo presidente teria mandato popular para fazer tal indicação.

Biden e Kamala passaram a ser acusados pelos republicanos de querer emular o que fez Hugo Chávez na Venezuela e o que já aventou Jair Bolsonaro por aqui: aumentar o número de juízes para alterar o balanço de poder na corte. No caso, em favor de magistrados alinhados aos democratas.

Ambos os postulantes, questionados, não negaram a hipótese casuística. Biden foi além, dizendo que só opinaria sobre o tema após o pleito, o que configura desrespeito autoritário com o eleitorado.

Durante décadas, os EUA foram o farol das democracias ocidentais. O comportamento de seus candidatos diz muito sobre o estado da regulagem de tal facho de luz.

editoriais@grupofolha.com.br

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