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Daniela Reinehr

Não compactuo com o nazismo

Discordo das posições do meu pai, mas o amo como filha

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Daniela Reinehr

Governadora interina de Santa Catarina (sem partido)

Sou a primeira mulher eleita vice-governadora e, agora, governadora interina do estado de Santa Catarina. Pelo menos esta afirmação é irrefutável. Todo o resto, tentam relativizar. Há um fenômeno curioso na política: em todos os casos, os inconformados, os derrotados ou os que se ocupam em tentar destruir reputações surgem com o propósito de sujar imagens. Não se satisfazem em colocar na discussão um plano de governo: é preciso atacar o aspecto pessoal, revirar o baú familiar, procurar qualquer coisa que seja uma fofoca capaz de saciar apetites.

Muito se questionou sobre a pergunta do meu pai e suas opiniões. Afirmaram que não respondi diretamente. Estava claro, para mim, como sempre esteve essa questão. Não compactuo com o nazismo, assim como rechaço qualquer regime, movimento ou ideologia totalitária que atente contra as instituições democráticas.

Daniela Reinehr (sem partido), que assumiu como governadora interina de Santa Catarina após afastamento de Carlos Moisés (PSL) - Julio Cavalheiro - 24.out.20/Secretaria de Comunicação

Pela segunda vez me senti sendo julgada pelas atitudes dos outros. A diferença, aqui, é que não há o devido processo legal, a possibilidade de defesa e, principalmente, o interesse em ouvir a outra parte —os assassinos de reputação miraram suas canetas para a minha família, não apenas para mim.
Respeito meu pai. Não concordo com seu posicionamento em relação ao nazismo e à relativização do processo histórico. Mas o amo como filha. E todos nós, em nossa intimidade, quando estamos sozinhos, sabemos o que é não concordar com a outra geração —e que é preferível não tocar em determinados assuntos a escolher o caminho do embate, que, certamente, em todos os casos, já foi percorrido.

Espero gastar minhas energias trabalhando por Santa Catarina e pelo Brasil, sem precisar justificar-me. Sei que não foi a primeira vez e nem será a última em que a minha intimidade virá a público. Neste momento me lembro do ensinamento do Salmo 34, quando diz: “Aparta-te do mal, e faze o bem; procura a paz, e segue-a”.

Em novembro de 2018 desembarquei em Israel a convite da Comunidade Internacional Brasil & Israel para receber o título de Embaixadora Extraordinária da Paz, antes mesmo de assumir o cargo para o qual fui eleita.

Assumo neste momento o governo do Estado interinamente com a proposta e com os ideais que sempre me motivaram: unir Santa Catarina, construir pontes com os municípios e a Assembleia Legislativa, pacificar os ânimos e buscar em Brasília um diálogo que aproxime o estado do governo federal, buscando sempre o melhor para os catarinenses.

O atual modelo de fragmentação, não apenas do nosso estado mas de todo o país, inviabiliza qualquer processo de construção coletiva. Por outro lado, os estados não têm a capacidade e a autossuficiência, e dependem do governo federal para isso.

Por fim, uma outra verdade irrefutável é a gratidão que tenho. Gratidão a Deus, que me deu forças para enfrentar os processos de impeachment; àqueles que permaneceram ao meu lado, firmes e confiantes na Justiça e na minha inocência; aos que se afastaram de mim, pois pude perceber em quem realmente confiar; à Karina Kufa e Ana Blasi, por incansavelmente perseguirem a Justiça, defendendo-me nestes processos —não apenas de uma maneira técnica, que foi impecável, mas, por muitas vezes, trazendo conforto ao meu coração, dividindo comigo o peso e o desgaste daquele momento extremamente difícil e solitário para mim.

Ser mulher, em qualquer ambiente, mas, sobretudo, nos espaços de poder, é uma tarefa dupla. Porque não temos uma esposa por trás de nós para dividir as tarefas da vida pessoal, como têm os homens. E, dessa forma, o percurso é maior. Agradeço, por fim, à minha família, que tanto valorizo, a quem devo respeito e que, por muitas vezes, é exposta injustificadamente.

Cheguei até aqui com as minhas próprias pernas. Espero poder trabalhar incansavelmente para o povo catarinense. Comprometo-me a dar todo o esforço possível, mesmo que isso me leve ao esgotamento, em prol de Santa Catarina, através de metas objetivas, diálogo e união. E espero, por fim, ter meu nome lembrado pelo meu trabalho.

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