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Pistas da Europa

Brasil deve aprender com novo estágio da Covid-19; ampliar testagem é necessário

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Movimento em bar de Londres, com flexibilização do distanciamento social - Daniel Leal-Olivas/AFP

O atual estágio da Covid-19 na Europa, na esteira da reabertura das economias e da flexibilização das restrições sociais, tem apresentado um padrão diferente do observado na etapa inicial da disseminação da doença no continente.

Dados mostram que, embora a quantidade de novos casos venha crescendo em diversos países, superando o patamar atingido no início do ano, os números de mortes e de hospitalizações mantêm-se em níveis bastante abaixo dos registrados meses atrás.

Na França, por exemplo, as infecções pelo Sars-CoV-2 aumentaram 213% na comparação com o auge da epidemia. As hospitalizações, todavia, equivalem hoje a 26% do anotado no pico, ao passo que os óbitos perfazem somente 13%, segundo dados do Instituto Estáter.

O mesmo se verifica em outras nações severamente afetadas pela primeira passagem da doença, como Espanha, Itália e Reino Unido. A exceção é Portugal, cuja taxa de mortalidade foi significativamente menor do que nesses países, mas que agora vê, com o aumento de casos, um número de internações próximo do auge.

Embora seja cedo para apontar as causas do fenômeno, algumas hipóteses parecem razoáveis.

Em primeiro lugar, dado que a capacidade de testagem e rastreamento nos países europeus cresceu sensivelmente nos últimos meses, muitos casos que passariam despercebidos no início —sobretudo de jovens, menos vulneráveis ao agravamento da doença— agora engrossam as estatísticas.

A redução de óbitos e hospitalizações, ademais, pode estar relacionada ao fato de que parte considerável das pessoas mais suscetíveis a morrer ou ter versões graves da doença já tenha sido infectada.

Assim se explicaria o padrão observado nos países citados, onde a maior parte dos óbitos se concentra em regiões inicialmente poupadas —enquanto nos locais que sofreram mais no começo as mortes estão abaixo da média geral.

Deve-se considerar ainda que o conhecimento médico acerca da doença vem evoluindo desde o início da pandemia, o que também tende a reduzir a taxa de mortalidade e o número de internações.

Atingido depois pelo novo coronavírus, o Brasil deveria acompanhar com atenção a tendência europeia, a fim de se preparar para cenários futuros da doença.

Um passo importante seria ampliar a política de testagem, de forma a permitir um controle ativo dos casos, encontrando pessoas que ainda não apresentam sintomas —algo que o país, até hoje, parece longe de alcançar.

editoriais@grupofolha.com.br

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