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Vacinas para todos

População mantém apoio à imunização, base do sucesso do SUS contra epidemias

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Potencial vacina contra a Covid-19 do laboratório Novavax - Andrew Caballero Reynols/AFP

O programa de vacinação mantido pelo Sistema Único de Saúde se destacou no cenário internacional como exemplo de sucesso. Mesmo com o quinto maior território, em que não faltam rincões de difícil acesso, e com a sexta população do mundo em 2019, o Brasil alcança níveis de cobertura superiores até aos de países ricos.

Perante tal retrospecto, não surpreende a pesquisa Datafolha que mostrou haver 75% de habitantes em quatro capitais populosas declarando a intenção de imunizar-se contra o coronavírus. Tendo em vista que nenhuma vacina demonstrou ainda ser segura e eficaz, o percentual indica alto grau de confiança nas autoridades sanitárias.

Foram entrevistados moradores de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife, cidades que figuram entre as maiores do país e somam cerca de 28 milhões de pessoas. Mesmo não sendo esse contingente estatisticamente representativo da população nacional, oferece um indicativo robusto da inclinação dos brasileiros.

A receptividade a futuras vacinas contra a Covid-19 já fora atestada noutra pesquisa Datafolha, em agosto, esta sim de alcance nacional (2.065 entrevistados em todas as regiões). Nada menos que 89% afirmavam então pretender vacinar-se, maioria tão clara que felizmente tornaria dispensável até declarar obrigatória a vacinação.

Tal hipótese, aliás, conta com taxas de apoio acima de 70% nas capitais pesquisadas pelo Datafolha.

Há quase duas centenas de imunizantes contra o vírus Sars-CoV-2 em desenvolvimento, 11 deles na terceira e conclusiva fase de testes em seres humanos. Instituições do Brasil participam diretamente de 4 desses ensaios clínicos.

Ao menos dois estudos já sofreram interrupções por força de efeitos adversos graves, ocorrência não infrequente na pesquisa de vacinas. Com tantas candidatas em teste, parece improvável que não surja uma com eficácia nos próximos meses, e os mais otimistas falam em começar a imunização já em dezembro próximo.

Ainda que não haja novos percalços, restará o desafio logístico de produzir e distribuir dezenas de milhões de doses, o que no Brasil levará talvez todo o ano de 2021.

Até lá, não há alternativa ao distanciamento social, nos seus diferentes graus, e ao uso de máscaras faciais para manter em queda o contágio, que já resultou em mais de 150 mil óbitos por aqui.

No pior cenário, o alívio com o declínio da curva de infecções pode erodir a de aceitação da futura vacina, ao se espraiar uma ilusória sensação de segurança. A incipiente politização do assunto arrisca também prejudicar a adesão.

Compete ao governo federal honrar essa história de sucesso.

editoriais@grupofolha.com.br

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