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À espera de um plano

Eleitores vão às urnas sem respostas consistentes para desafios do pós-pandemia

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Debate entre os principais candidatos a prefeito de São Paulo, promovido pela Folha e pelo UOL - Mariana Pekin/UOL

Foi insatisfatório o desempenho dos candidatos à Prefeitura de São Paulo nos debates realizados nos últimos dias com o fim de escrutinar propostas para enfrentar os problemas que afligem a maior cidade do país.

No ano em que a pandemia do coronavírus ceifou as vidas de quase 14 mil pessoas na capital, onde se registraram os primeiros casos de infecção do país, a crise sanitária foi quase ignorada pelos que se enfrentarão nas urnas neste domingo (15).

O prefeito Bruno Covas (PSDB), que busca a reeleição, minimizou os riscos de uma nova onda de contágio, e rivais como Celso Russomanno (Republicanos) só lembraram do assunto para fustigar Covas e fazer demagogia com a possibilidade de retomada de medidas de distanciamento social mais rígidas.

Grandes centros urbanos como São Paulo foram duramente atingidos pela calamidade. Coube aos municípios, responsáveis pelo atendimento na linha de frente do sistema público de saúde, combater o vírus numa conjuntura particularmente difícil, agravada pelo desgoverno na esfera federal.

A paralisia da atividade econômica durante os meses de isolamento, com o fechamento de bares, restaurantes e serviços não essenciais, fez cair as receitas das cidades e os rendimentos dos mais vulneráveis entre seus habitantes.

Os prefeitos que assumirão seus mandatos em janeiro não poderão contar com as transferências federais de caráter excepcional que compensaram as perdas até aqui, e dificilmente verão as receitas se recuperarem rapidamente, dada a fraqueza da retomada da economia.

Além dos problemas de sempre, há os que se agravaram com a pandemia. Em São Paulo, ainda não se sabe como as escolas públicas se organizarão para recuperar as perdas sofridas pelos alunos no longo período em que ficaram sem aulas.

A queda do número de passageiros fez desabar as receitas do sistema de transporte público, mesmo após o relaxamento da quarentena e a retomada das atividades econômicas, situação que ameaça tornar muitas linhas inviáveis.

Nos debates da última semana, Covas apontou riscos criados para os cofres municipais pela reforma tributária em discussão no Congresso, mas não disse como pretende lidar com a escassez de recursos que se anuncia mesmo se não houver mudanças na legislação.

Guilherme Boulos (PSOL) e Márcio França (PSB) mostraram ter na ponta da língua os valores que pretendem aplicar em novos programas sociais e outras iniciativas, mas falam como se um passe de mágica fosse capaz de financiar esses gastos, sem aumentar impostos nem mexer em outras despesas.

A mais nova pesquisa Datafolha aponta Covas na liderança, com 37% das intenções de votos válidos, e Boulos (17%), França (14%) e Russomanno (13%) na disputa por uma vaga no segundo turno.

Se mudanças de última hora não alterarem esse cenário, uma próxima rodada oferecerá nova oportunidade para discutir os problemas da cidade. Espera-se que os candidatos não a desperdicem.

editoriais@grupofolha.com.br

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