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Amapá no escuro

Colapso energético revela carências ainda não superadas pelo outrora território

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Protestos durante apagão em Macapá (AP) - Maksuel Martins/Fotoarena/Agência O Globo

Uma unidade da Federação sem luz por dias —é a realidade do estado do Amapá, acometido por falta de energia desde 3 de novembro.

Naquele dia, houve um incêndio nos transformadores de uma subestação de distribuição de energia da capital, nas instalações da empresa Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), a concessionária do serviço energético.

O impacto foi devastador. O apagão afetou 90% da população do estado (mais de 700 mil pessoas), atingindo ao menos 13 das 16 cidades. Somente no sábado (7), o fornecimento começou a ser normalizado, mas ainda de forma desigual.

A Companhia Energética do Amapá anunciou um racionamento, mas há áreas não atendidas por essa retomada da energia. Até na escuridão somos desiguais —entre os mais afetados pelo apagão estão grupos quilombolas; comunidades que vivem em favelas sobre a água no entorno de Macapá sofreram rodízio mais severo, e protestos têm emergido.

Acidentes ocorrem, mas calamidades de tamanha magnitude apenas são possíveis quando a ineficiência se combina ao descaso estrutural. Segundo noticiou o jornal O Globo, a subestação que pegou fogo não foi alvo de fiscalização presencial da agência reguladora nacional, a Aneel, ao longo de cinco anos de funcionamento.

O adiamento da eleição em Macapá, confirmado pelo Tribunal Superior Eleitoral, tornou-se uma briga política na qual se vê mais preocupação com os interesses de cada candidatura do que com uma solução a longo prazo para a penúria energética e social do estado.

O governo federal demorou a reagir. Três dias após o colapso, o presidente Jair Bolsonaro prometeu que 60% das necessidades de energia do Amapá seriam atendidas, e o ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) disse que a normalização levaria dez dias.

Além de energético, o apagão no Amapá é político e administrativo. O outrora território federal, promovido a estado pela Constituição de 1988, permanece longe de aproveitar sua autonomia para a superação do subdesenvolvimento.

editoriais@grupofolha.com.br

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