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Desigual na raiz

Cresce distância de aprendizado entre escolas municipais no nível mais básico

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Escolha fechada em São Paulo - Rivaldo Gomes/Folhapress

A escola pública se idealizou como instituição republicana por ser a grande niveladora de oportunidades para que todos os cidadãos desenvolvam seu potencial pleno. Se alguns ficam para trás, falha a república como tal —ou mesmo involui, do que dá sinais o Brasil.

Aumentou a desigualdade no aprendizado de alunos do 1º ao 6º ano no período de 2015 a 2019, noticiou a Folha. Verificou-se o retrocesso em 58% das cidades brasileiras, comparados os 10% de estabelecimentos mais bem avaliados de suas redes municipais com os 10% de pior avaliação no Ideb.

A deterioração se dá na raiz, no nível mais fundamental do ensino básico. Nesses seis anos deveria ocorrer a alfabetização, sem a qual ninguém pode começar a participar da vida social com autonomia.

E não se está aqui tratando da disparidade ainda mais preocupante entre escolas privadas e oficiais, mas tão somente dos obstáculos na partida que compete ao Estado aplainar. Redes municipais respondem por 70% de 15 milhões de matrículas nessa fase crucial.

A desigualdade aumenta mesmo em muitos dos 79% de municípios que tiveram progressão no Ideb. Houve 20 capitais —cidades em geral mais desenvolvidas em cada estado— com melhora de desempenho, mas só 15 delas lograram diminuir a distância entre os extremos de suas redes.

Falta atenção dos gestores municipais para dificuldades enfrentadas nos estabelecimentos mais desfavorecidos, seja por pobreza da clientela, más condições de infraestrutura, violência predominante ou carência de professores.

A pesquisa abrangeu período anterior à pandemia. Com escolas fechadas durante quase todo o ano, calcula-se que aumentará ainda mais a distância entre alunos de bairros centrais e os de escolas periféricas, que têm acesso precário a conexões digitais, pais menos disponíveis para supervisionar deveres e necessidade de trabalhar para reforçar a renda da família.

Nestas eleições municipais, é alarmante a escassez de debate em torno de propostas para reequilibrar a balança. Trata-se de questão cuja complexidade não é alcançada pelas tradicionais —e já duvidosas— promessas de mais verbas para esse setor prioritário.

editoriais@grupofolha.com.br

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