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Na reta final

Covas tem 55% no Datafolha, e Boulos, 45%; disputa tem contornos geracionais

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Montagem com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Bruno Covas e Guilherme Boulos - Danilo Verpa/Folhapress

Realizada na segunda-feira (23), nova pesquisa Datafolha aponta que o prefeito Bruno Covas (PSDB) se manteve estável na disputa paulistana, com 48% das intenções de voto, enquanto seu concorrente, Guilherme Boulos (PSOL), oscilou, dentro da margem de erro, de 35% para 40%. Em votos válidos, o placar agora é de 55% a 45%.

Trata-se de diferença significativa, tanto mais quando se leva em conta que a eleição ocorrerá no domingo (29). A campanha de Boulos espera, naturalmente, que a oscilação signifique uma tendência de alta, na qual o psolista estaria conquistando eleitores indecisos ou antes propensos a não escolher ninguém no segundo turno.

A esta altura notam-se diferença importantes entre os votantes de cada candidato. A liderança de Covas se destaca, principalmente, entre os paulistanos de 60 anos ou mais de idade —são 65% a 24%. O tucano está na frente, também, entre os que têm 45 a 59 anos.

Já Boulos mostra boa dianteira entre os jovens de 16 a 24 anos (57% a 30%) e 25 a 34 anos (49% a 39%).As preferências se mostram, portanto, marcadamente geracionais.

Outro aspecto relevante da disputa é a larga vantagem de Covas entre eleitores com menos anos de escola. Ele supera o adversário por 59% a 29% no grupo que tem até o ensino fundamental; há empate técnico nos contingentes com ensino médio e superior.

Não é possível associar diretamente tal fenômeno à pobreza, pois não existe diferença inquestionável entre os postulantes na menor faixa de renda, até dois salários mínimos (45% a 41%).

Entre as categorias quantitativamente mais significativas do eleitorado, Boulos tem vantagem expressiva apenas entre funcionários públicos, embora seus números não sejam bastantes para equilibrar o balanço geral de votos. Nota-se aí, de qualquer modo, uma base tão previsível quanto importante do candidato do PSOL.

Em relação aos padrinhos eleitorais, Jair Bolsonaro tem o maior potencial de prejudicar seus escolhidos: 66% dos entrevistados deixariam de votar em um nome apoiado pelo presidente da República. O apoio do governador João Doria (PSDB) seria um empecilho ao voto para 61%, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para 52%.

Boulos pode estar se valendo, no segundo turno, das condições iguais de exposição na propaganda eleitoral gratuita. É também plausível que uma taxa de abstenção relevante e mais marcada em certas parcelas do eleitorado tenha influência maior no resultado desta eleição. Tais fatores parecem capazes, em tese, de acirrar a disputa.

Nesse cenário, espera-se que os dois adversários mantenham um debate civilizado em torno de suas propostas, sem os recursos fáceis da difamação e da demagogia.

editoriais@grupofolha.com.br

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