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O novo e o velho

Eleições têm falha do TSE, abstenção, força de moderados e derrotas de Bolsonaro

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Presidente Jair Bolsonaro, após votar no Rio - Ricardo Moraes/Reuters

Há dois anos, as eleições nacionais e estaduais se caracterizaram por uma onda de direita, não raro com tons populistas e autoritários, e rejeição a políticos e partidos tradicionais. Esse cenário mudou.

Eleições municipais são tocadas em outro diapasão, decerto. Mas os primeiros resultados, nas grandes cidades, indicam que houve enorme abstenção em razão da pandemia, preferência por conservadores moderados, alguma recuperação das forças de esquerda e resultados importantes de DEM e PSDB.

Jair Bolsonaro, que não tem partido além de si mesmo, interveio na disputa com seu personalismo aviltado e péssimos resultados.

Guilherme Boulos, candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, é, pelos dados disponíveis até a conclusão desta edição, uma grande novidade do pleito. Integrante de legenda nanica e em versão esquerdista mais branda, vai ao segundo turno contra o prefeito Bruno Covas (PSDB) —na cidade que sempre foi grande base do PT.

Cidades relevantes como Porto Alegre, Belém e Recife deram votação expressiva à esquerda, que ao menos neste momento se torna mais plural e se diversifica em siglas como PSOL, PSB e PC do B. O eleitorado parece procurar alternativas nesse campo político.

O DEM obteve vitórias significativas, algumas já confirmadas, como em Salvador, Curitiba e Florianópolis, além de conquistar bons números em municípios populosos. Terá um favorito Eduardo Paes no segundo turno do Rio de Janeiro.

O PSDB ganhou em Palmas e Natal, além de disputar a maior metrópole do país. Os dois partidos formaram o núcleo da coalizão de governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

Nos maiores municípios, os 95 nos quais, por lei, pode haver segundo turno, observa-se grande dispersão —mais de 20 partidos disputavam com chances, com destaque para MDB e PSD, que reelegeu em primeiro turno Alexandre Kalil em Belo Horizonte.

Em todo caso, não houve sinais de reviravolta político-ideológica de monta nessas cidades, que na maioria dos casos visíveis optaram por continuísmos, nomes estabelecidos ou legendas mais anódinas.

Digna de nota foi a derrota de Bolsonaro em palcos nacionais. Celso Russomanno (Republicanos) terminou com votação frustrante em São Paulo. Marcelo Crivella, do mesmo partido, vai ao segundo turno em situação francamente minoritária no Rio de Janeiro.

Não restou candidatura importante que se propusesse a defender o presidente e suas ideias exóticas. Prefeitos que tiveram atuação decente no combate à pandemia, ou foram apoiados por governadores preocupados com a doença, tiveram em geral desempenho forte.

É uma pena que problemas técnicos no TSE tenham prejudicado a divulgação tempestiva da apuração e dado margem a teorias conspiratórias de grupos que não têm compromisso com a democracia.

editoriais@grupofolha.com.br

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