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Pandemia no futebol

Nova onda de Covid-19 também escancara a insanidade do calendário esportivo

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Com time desfigurado pela Covid-19, o Palmeiras perdeu para o Goiás no Brasileiro - Heber Gomes/AGIF

Uma segunda onda de casos de Covid-19 atinge o futebol brasileiro. Depois de episódios de contaminação ocorridos no início da retomada das competições nacionais, contaram-se no fim de semana nada menos que 60 atletas afastados por testagem positiva na série A do Campeonato Brasileiro.

Chegou a 12, com isso, o número de clubes com casos da doença, num total de 20. Dois treinadores também contraíram o vírus.

Esse quadro trouxe novamente a campo o debate sobre os protocolos previstos pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a rigidez com que os envolvidos seguem as precauções sanitárias.

Um dos principais alvos de crítica é o fato de a entidade esportiva exigir testagem prévia para atletas, árbitros e comissões técnicas, mas não para outros profissionais presentes nos estádios, como jornalistas, funcionários e dirigentes.

Era evidente que o retorno dos torneios em meio à pandemia trazia riscos —e muitos questionaram a decisão. Prevaleceu, contudo, inclusive no plano internacional, o entendimento de que seria aceitável retomar os certames sem a presença de público e com a adoção de medidas preventivas.

O futebol, porém, à diferença do que aconteceu com o basquete profissional norte-americano, não foi nem poderia ter sido encapsulado numa bolha protegida do convívio social. Os participantes das equipes submetem-se a intensa rotina de viagens, transitam por aeroportos, hospedam-se em hotéis e contam com dias de folga.

O que ocorre no meio futebolístico, portanto, é o que se vê na sociedade, talvez em movimentos mais bruscos devido à proximidade entre os atletas nos treinos e jogos.

Os atropelos gerados pela pandemia também ressaltaram aspectos negativos da gestão da modalidade, às voltas com práticas atrasadas que favorecem interesses políticos e prejudicam jogadores, torcedores e as próprias competições.

É inaceitável, por exemplo, que a CBF, com a aquiescência dos clubes, continue a insistir num cronograma saturado que nem mesmo prevê a paralisação das disputas durante as datas Fifa —reservadas a partidas das seleções nacionais.

É difícil, nesse ambiente refratário à modernidade, crer que os gestores sejam capazes de aprender com os erros. Se forem, poderiam ao menos aproveitar a experiência traumática e confusa ora em curso para promover uma reforma profunda no calendário.

editoriais@grupofolha.com.br

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