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Dia da Consciência Negra

Pela diversidade

Eleição trouxe avanços modestos para presença de negros e mulheres na política

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 Foto Montagem das  candidatas a vereadora
Fotomontagem com candidatas à Câmara Municipal de São Paulo - Rubens Cavallari e Ronny Santos/ Folhapress

Neste ano, por força das circunstâncias, a divulgação dos resultados das eleições municipais ocorreu na semana em que se celebra o Dia da Consciência Negra. A voz das urnas trouxe avanços nessa matéria, ainda que muito modestos.

Entre os prefeitos eleitos no primeiro turno, 32% se declararam pretos ou pardos, contra 67% que se descreveram como brancos. Em 2016, as proporções haviam sido de 29% e 70,4%, respectivamente. Na população como um todo, os negros (pretos e pardos) somam 56%.

No caso das mulheres, outra minoria majoritária (elas constituem 52% da população), os avanços são ainda mais acanhados. As eleitas no primeiro turno representam 12,1% do total de prefeitos já escolhidos. Em 2016 haviam sido 11,7%.

Os números parecem menos frustrantes quando se observam os maiores centros urbanos, onde as mudanças culturais ocorrem antes. Aí, a presença de mulheres e negros com chances na disputa se amplia. São 20 candidatas em segundos turnos, ante 6 em 2016.

Nas outras corridas, 32 negros marcam presença, 10 a mais que há quatro anos —a quantidade de cidades envolvidas é quase a mesma, 57 agora e 55 no ciclo anterior.

A diversidade tem valor intrínseco. Numa sociedade multicultural como é a brasileira, não há razão para que membros de todos os grupos sociais, étnicos e religiosos não estejam presentes em todas as áreas e tenham participação em todos os níveis hierárquicos.

As proporções não precisam necessariamente refletir as da demografia, já que talentos e apetites humanos de fato variam. Mas cumpre garantir que, se alguém deixa de perseguir o que já considerou seu objetivo, não o faz por causa de discriminação ou preconceito.

A diversidade também tem valor instrumental. É crescente o corpo de estudos a mostrar que, quando diferentes pessoas, com diferentes perspectivas, trabalham sobre os mesmos problemas, a solução encontrada pelo grupo é melhor.

Assim se aprimora, por exemplo, o desempenho de empresas —e não é diferente na política, na ciência, nas artes. A questão é como promover a diversidade.

Cotas como a de candidaturas femininas, há muito aplicadas, não bastaram para um equilíbrio de gênero maior —embora seus defensores possam argumentar que, sem elas, os números talvez fossem piores. Não devemos esperar resultados muito diferentes do recém-adotado mecanismo para o financiamento de candidaturas de negros.

Quando os legisladores decidem votar regras relativas a costumes é porque as mudanças na sociedade já estão em curso. Bom exemplo vem dos paulistanos que, sem réguas demográficas, acabaram de eleger dois vereadores transexuais.

editoriais@grupofolha.com.br

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