Como parecia provável, o prefeito Bruno Covas saiu na frente no segundo turno da disputa municipal paulistana. Segundo pesquisa Datafolha, o tucano teria hoje 58% dos votos válidos, ante 42% do oponente Guilherme Boulos (PSOL).
O resultado é um retrato da largada para a disputa, restando alguns fatores determinantes que estão por entrar em cena. Um dos mais relevantes é a propaganda eleitoral de rádio e televisão, que tem reinício nesta sexta-feira (20).
Na campanha do primeiro turno, como se sabe, Covas teve ampla vantagem em relação a Boulos nessa frente. Enquanto o postulante do PSDB contou com quase 7 minutos diários no horário obrigatório, o psolista teve apenas 34 segundos à sua disposição; foram 29 inserções diárias contra 2.
Para o embate final, as regras preveem divisão igualitária. Estão definidos oito dias com 25 inserções de 30 segundos na programação das emissoras e 10 minutos diários, divididos em dois blocos, para cada candidato no horário eleitoral.
Ainda que não seja garantia de melhor desempenho, a mudança na exposição pode em tese beneficiar Boulos, que foi suplantado em todas as áreas da cidade e teve dificuldades em atrair setores de renda e escolaridade mais baixas.
Estão marcados também debates em diversos veículos, nos quais os oponentes terão a oportunidade de confrontar propostas. Tais duelos já começaram e, até aqui, têm se sobressaído pelo tom respeitoso e civilizado, atributos que se tornaram mais raros em anos recentes.
Imprescindível, ainda, será observar e aferir os efeitos dos apoios políticos que Covas e Boulos costuram para reforçar suas posições —bem como a real inclinação de parte do eleitorado a acatar as indicações de partidos e lideranças que ficaram ausentes da reta final.
O grau de convicção plena manifestado pelos entrevistados em sua escolha chega, nesta reta final, a idênticos 82% entre os eleitores de ambos os candidatos.
São Paulo tem pela frente um pleito com novidades de interesse, como a presença de dois competidores relativamente jovens (Covas, 40, e Boulos, 38) e de um partido, o PSOL, que faz sua estreia como principal representante das forças à esquerda, interrompendo a tradicional hegemonia petista.
Um segundo turno sem a presença de aventureiros e adeptos da difamação favorecerá, espera-se, a discussão racional e serena dos desafios da maior cidade do país.
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