Descrição de chapéu

1,5 milhão de mortos

EUA de Trump e Brasil de Bolsonaro lideram em vítimas; inépcia pode matar mais

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Vista aérea de covas recém-abertas e túmulos para vítimas da Covid-19 no cemitério da Vila Formosa, em São Paulo - Lalo de Almeida - 3.ag.20/Folhapress

Passados 11 meses desde a primeira morte por Covid-19, que nesse período paralisou países inteiros e nocauteou a economia mundial, os serviços de saúde registram a perturbadora marca de 1,5 milhão de vidas tiradas pela pandemia.

Se a iminente chegada das vacinas traz a perspectiva de que a marcha mortífera vá aos poucos arrefecer, o horror provocado pela escalada atual da doença, com recordes sendo batidos em diversos países, deixa patente que a situação ainda deve se agravar antes de começar a melhorar.

País com o maior número de mortes no mundo (280 mil), os Estados Unidos contabilizaram nesta semana pela primeira vez mais de 3.000 óbitos num único dia, ao mesmo tempo em que atingiram a quantidade inédita de 100 mil internações simultâneas.

Na Europa, acometida por uma segunda onda, a Itália registrou na quarta-feira (2) 993 mortes em 24 horas, ultrapassando a maior marca até então, anotada em março, na primeira quadra da pandemia.

Já no Brasil de Jair Bolsonaro, segunda nação em vítimas da doença (176 mil mortos), os casos fatais voltaram a subir após a desaceleração ocorrida no início de setembro. Nesta semana, o país voltou a registrar patamares indecentes próximos de 800/dia.

Não precisava ser assim. Com tempo para se preparar, um robusto e estruturado sistema de saúde pública e expertise no combate a epidemias, o Brasil possuía condições de ser bem-sucedido no enfrentamento do coronavírus. A desdita foi o vácuo no governo.

O chefe de Estado portou-se desde o início como o líder dos negacionistas, a propagar falsidades científicas e mensagens contrárias às imprescindíveis medidas de proteção e isolamento. Foi omisso quando deveria agir; sabotou aquilo que lhe competia coordenar.

Após ter desestimulado todas as formas de prevenção da doença, o presidente voltou-se contra as vacinas. Impossível não recordar sua estultice irresponsável ao desautorizar o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que apalavrara com o governo de São Paulo a compra de 46 milhões de doses da farmacêutica chinesa Sinovac.

A aquisição forneceria uma importante opção a mais ao governo federal, que de forma temerária apostou todas as suas fichas num único imunizante, produzido pela Universidade de Oxford-AstraZeneca. Falou mais alto, porém, a mesquinha rixa política com o governador João Doria (PSDB), um possível concorrente em 2022.

Como se o tema não exigisse urgência, a administração federal procrastina a elaboração de um plano detalhado de imunização.

Enquanto países se preparam para começar a proteger em breve suas populações, o Brasil derrapa na obtusidade ideológica e nas disputas políticas que ameaçam deixá-lo mais uma vez para trás.

editoriais@grupofolha.com.br

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