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Fabricio Bloisi

A entrega das empresas de internet para o Brasil

Digitalização de restaurantes, mercados e parceiros abre portas para o futuro

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Fabricio Bloisi

Presidente do iFood

Pandemias, assim como guerras, geram horror, medo e incerteza. Provocam também mudanças sociais profundas e saltos tecnológicos. Se, por um lado, a onda de Covid-19 teve como efeito colateral empurrar as empresas tradicionais para a digitalização, por outro, para o iFood, que já nasceu digital, o efeito foi diferente. Deu-nos a oportunidade de usar tecnologia e a nova economia para contribuir para a sociedade e para o desenvolvimento do país.

Num momento em que o Brasil e o mundo discutiam se a estratégia era salvar vidas ou a economia, o iFood foi nas duas direções. Atendeu com comida e compras quem estava em isolamento e ajudou a manter vivos mais de 200 mil restaurantes, na imensa maioria pequenos e médios negócios. Também gerou renda para os cerca de 150 mil entregadores que são nossos parceiros Brasil afora.

Fundei minha primeira empresa de tecnologia há 20 anos, na pré-história da internet, produzindo mensagens SMS em uma pequena sala. Em 2014, quando investimos no iFood, éramos uma startup com 20 pessoas, e o negócio de delivery de comida era algo restrito à pizza do fim de semana.

Cerca de 85% dos restaurantes brasileiros são empresas familiares e, para a maioria, a ideia de fazer entregas via aplicativo parecia distante. Da noite para o dia, o delivery passou a ser sua única fonte de receita viável. Investimos cerca de R$ 200 milhões em capital próprio para que esses restaurantes se mantivessem vivos. Devolvemos parte da nossa receita a eles, zeramos a comissão de pedidos “para retirar” e, em parceria com o Itaú, diminuímos o prazo de repasse dos pedidos de 30 para 7 dias, injetando mais de R$ 5 bilhões em capital de giro no setor.

Além dos restaurantes, o iFood investiu, desde março, cerca de R$ 100 milhões em apoio aos nossos entregadores, e até hoje os que são dos grupos de risco estão em casa, recebendo. Doamos mais de quatro milhões de itens de proteção, como máscaras e frascos de álcool em gel.

Com a mudança de hábito, as pessoas passaram a lembrar do iFood em todas as horas do dia. O número de pedidos, naturalmente, cresceu muito. No dia da Black Friday de 2020 (27 de novembro), entregamos 2,5 milhões de pedidos e chegamos a quase 50 milhões de pedidos por mês. “Isso deve ter gerado um lucro astronômico”, é o que sempre ouço. Na verdade, nosso prejuízo nos últimos dois anos supera R$ 1 bilhão.

A coragem de investir faz parte do negócio: nosso objetivo é de longo prazo, e nossa aposta no Brasil continua. Agora, com o Pix, vamos diminuir custos dos restaurantes e mercados, apostamos ainda num sistema de gestão sem taxas e na comunicação do restaurante com os seus clientes também sem custos, entre outras iniciativas.

Esse investimento volta na forma de satisfação de clientes e parceiros. Em dezembro, recebemos o mais importante prêmio de qualidade de atendimento, o Empresa Super Campeã do Reclame Aqui.

Temos orgulho também do nosso papel social. Doamos mais de 1.500 toneladas de alimentos, beneficiando 570 mil pessoas, e fomos reconhecidos pela ONU com a ONG Ação da Cidadania.
Neste cenário, as empresas de delivery que prestam bom serviço são uma mola propulsora de crescimento e geração de renda para os restaurantes e para toda sociedade. Hoje somos uma empresa com 3.000 pessoas, 1.000 delas trabalhando em tecnologia e inteligência artificial para melhorar nossa capacidade de prever que tipo de comida um cliente vai querer e como entregá-la rapidamente.

Há percalços, claro. E, com eles, aprendizados. Durante a pandemia, os holofotes da sociedade e da opinião pública foram jogados sobre empresas como o iFood —e esse tem sido um exercício de humildade para entendermos melhor nosso papel e nossos desafios.

A economia digital ainda gera muita angústia mundo afora e vivemos uma polarização como nunca antes, o que acaba resultando em narrativas distorcidas, algumas vezes motivadas por desconhecimento, outras por má-fé. Sabemos, porém, que quanto mais investirmos, maior será a percepção de que essas empresas cumprem o fundamental papel de fomentar o empreendedorismo e a tecnologia no Brasil.

A meta do iFood, antes, durante e depois da pandemia, será ajudar outros milhões de restaurantes, mercados e parceiros entregadores a se digitalizarem, abrindo as portas para o futuro e gerando riqueza para todo o ecossistema —e essa meta nós vamos entregar.

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