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A hora da vacina

Governo Bolsonaro apresenta seu plano de imunização; que não falhe desta vez

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O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o presidente Jair Bolsonaro - Jair Bolsonaro no Facebook

O Reino Unido tornou-se, nesta quarta (2), a primeira nação do mundo a aprovar uma vacina contra a Covid-19 seguindo os protocolos consagrados da pesquisa médica. A primazia coube ao imunizante produzido pelas farmacêuticas Pfizer e BioNTech, que nos testes apresentou eficácia de 95%.

A notícia alvissareira encerra também um feito científico de proporções históricas. Todo o processo, da concepção à autorização, deu-se em apenas dez meses, fazendo desta a vacina mais rapidamente desenvolvida —o recorde anterior era de quatro anos, e o tempo médio de desenvolvimento chega a uma década.

Ao menos num primeiro momento, porém, o imunizante não estará disponível para os brasileiros. O país restringiu seus contratos de compra antecipada aos produtos da Universidade de Oxford-AstraZeneca e da Sinovac.

Ambos encontram-se na fase final de testes, embora o primeiro, em razão de problemas metodológicos, precise ainda passar por um ensaio clínico adicional.

Enquanto a vacina não chega, o governo federal começa a preparar sua estratégia de imunização. Na terça (1), autoridades sanitárias anunciaram as metas e prioridades iniciais da campanha.

Na primeira etapa, deverão ser contemplados profissionais de saúde, idosos a partir de 75 anos (ou a partir de 60 anos vivendo em asilos ou instituições psiquiátricas) e indígenas. Em seguida, as pessoas com idade entre 60 e 74 anos.

Num terceiro momento serão atendidos indivíduos com comorbidades e, depois, professores, agentes de segurança, do sistema prisional e a população carcerária. Se tudo correr como previsto, o país terá, ao final de 2021, vacinado cerca de 50% da população.

O plano parece correto em suas diretrizes gerais. Ressalte-se, porém, a importância de examinar a inclusão, entre os profissionais de saúde, daqueles responsáveis pela segurança e limpeza de postos de saúde e hospitais, os quais compartilham o mesmo ambiente de médicos e enfermeiros.

Segundo o ministério, a estratégia só ficará pronta quando houver vacina registrada pela Anvisa. Embora a opção não seja de todo injustificada, a delonga para definir os detalhes tende a avultar um desafio logístico já imenso.

Fabricantes de seringas, por exemplo, já alertam que a demora do governo para realizar a encomenda do produto pode ocasionar atrasos na campanha planejada.

A administração de Jair Bolsonaro notabilizou-se até agora por erros, omissões e sabotagens na condução da pandemia. Espera-se que, ao menos na vacinação, área na qual o Brasil possui reconhecida expertise, não falhe novamente.

​editoriais@grupofolha.com.br

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