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Irapuã Santana

Diversidade nos movimentos negros

Ações ligadas à morte João Alberto inovam por buscar justiça no âmbito criminal, reparação civil e reformulação social

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Irapuã Santana

Doutor em direito pela UERJ e procurador do município de Mauá (SP)

2020 tem sido um ano diferente para a população negra. O combate à discriminação racial ganhou novos contornos, desde a chegada do coronavírus, passando pelo assassinato de George Floyd nos EUA, bem como pela disputa eleitoral no avanço de candidaturas antirracistas e, por fim, chegando à morte de João Alberto.

Todos esses eventos fizeram fervilhar na sociedade brasileira a busca pelos motivos de origem e das possíveis soluções. O racismo é uma doença e precisa ser extirpada de nossas entranhas —nisso (quase) todo mundo concorda—, mas a comunidade negra estuda as melhores formas de entender e (re)agir. Há divergências quanto à sua raiz, bem como quanto ao seu enfrentamento. E isso deve ser visto como positivo: quanto mais pessoas se interessarem e se debruçarem sobre o tema, maior será a chance de as múltiplas ações conseguirem atingir seus objetivos.

Um problema complexo e multifacetado precisa de vários contra-ataques simultâneos. O assassinato de João Alberto é uma prova do que estamos analisando no momento. Afinal, existe um dano individual da família e há o dano social, em que toda comunidade negra foi atingida com o lamentável episódio. E, desse modo, emerge o papel fundamental dos movimentos negros do Brasil, que protestaram para buscar justiça no âmbito criminal, reparação civil e reformulação social.

Sim, movimentos negros, no plural.

A comunidade negra é diversa, tem independência de reflexões e isso é extremamente positivo e salutar para resolver o problema do racismo. É por esse motivo que precisamos não só protestar mas também utilizar essa energia para que ocorra uma transformação da nossa realidade. Logo, antever obstáculos, exigir ser ouvido e se sentar à mesa para dialogar são etapas importantes e complementares do combate antirracista.

Portanto não devemos nos ater às diferenças de perspectiva, mas sim nos esforçarmos para enxergar o que nos une nessa difícil batalha. Somente assim venceremos.

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