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Patrícia Ellen, João Gabbardo dos Reis e Jean Gorinchteyn

O recuo para a fase amarela na quarentena em São Paulo é suficiente para conter o avanço da Covid-19? SIM

Contenção foi adotada nos primeiros indícios de recrudescimento da pandemia

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Patrícia Ellen

Secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do estado de São Paulo

João Gabbardo dos Reis

Médico e coordenador-executivo do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo

Jean Gorinchteyn

Médico infectologista e secretário da Saúde do estado de São Paulo

No dia 30 de novembro, o governo de São Paulo anunciou a 15ª atualização do Plano SP, levando todo o estado para a fase amarela devido a elevações nos indicadores de evolução da pandemia, destacadamente internações.

A aplicação do Plano SP é regionalizada, heterogênea e focada na gestão e convivência com a pandemia. Avançamos na retomada de atividades quando possível e retrocedemos quando necessário. Ao longo de seis meses de sua aplicação, o regramento do plano tem sido atualizado baseado em dados, evidência e no diálogo constante com equipes de saúde e setores da economia. Prezou-se sempre pela correta dosagem do remédio, colocando em primeiro e inequívoco lugar a vida.

O infrutífero debate acerca da influência do período eleitoral sobre decisões técnicas nublou a gravidade do combate à Covid-19, exacerbando o já desafiador ambiente de desconfiança e desinformação que assola nosso país, em vez de mobilizar e unir a população no reforço das medidas de proteção e distanciamento social. Diferentemente do que vem sendo dito, as novas medidas de contenção foram anunciadas nos primeiros indícios de recrudescimento da pandemia, duas semanas antes das eleições e dois dias após o fechamento dos dados que apontavam um aumento de 18% nas internações, fato que foi comunicado de forma transparente pelo governo na 147ª coletiva de imprensa.

Nesta data foi tomada a dura decisão de interromper o ritmo de flexibilização, o que de imediato impediu o avanço de 4,5 milhões de pessoas para a fase verde. Sem essa ação urgente e necessária, o debate desta página hoje certamente seria outro, e em um cenário muito mais agravado. Vale ressaltar que as medidas só foram possíveis devido à existência dos dados estaduais do Censo Covid, uma vez que, na mesma semana, houve um apagão nos dados de casos e óbitos do governo federal por seis dias.

Países europeus que hoje enfrentam uma nova onda de contágio adotaram novas medidas restritivas com 30 a 50 novos casos por 100 mil habitantes por dia e um crescimento semanal de cerca de 40%. Em São Paulo, registramos 10 casos por 100 mil habitantes por dia e um crescimento médio semanal, nas últimas três semanas, de 5% em casos e 14% em internações.

O remédio foi aplicado no momento e dose corretos. Retrocedemos 76% do estado para a fase amarela, gerando um estado de alerta, sem alarmismo ou pânico. Estamos na linha tênue da decisão acertada.

Em oito meses de pandemia, São Paulo criou simultaneamente a maior operação sanitária, humanitária e de recuperação econômica de sua história. Mais que dobrou a disponibilidade de leitos de UTI do SUS de São Paulo, além de equipar as unidades com respiradores e equipamentos de proteção necessários aos profissionais de saúde; reforçou a linha de frente de vigilância e controle; realizou campanhas informativas sobre o uso de máscara e medidas de distanciamento; elaborou protocolos para atividades econômicas, desenvolveu sistemas de informação em tempo real; mobilizou R$ 1,8 bilhão em doações e não mediu esforços para o desenvolvimento e aplicação de vacinas.

Neste contexto de recrudescimento, agravado pelo cansaço e exaustão coletiva, a resiliência e transparência de nossas equipes médicas e profissionais de todas as áreas são a prova mais concreta de que São Paulo seguirá honrando seu compromisso de enfrentar o coronavírus com a aplicação no momento certo das medidas necessárias para proteger a população.

TENDÊNCIAS / DEBATES
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