Mesmo no cenário conflagrado do Oriente Médio, chama a atenção o ataque desfechado por Israel contra o território da Síria na terça (13).
Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, 57 soldados locais e combatentes estrangeiros de milícias apoiadas pelo Irã, incluindo o Hezbollah libanês, foram mortos em mais de uma dúzia de bombardeios aéreos.
Trata-se do mais mortífero ataque israelense na Síria desde o início da guerra que destroçou o país, há dez anos, e ocorre num momento de hiperatividade da nação judaica na região —foi sua quarta ofensiva bélica contra alvos iranianos nas duas últimas semanas.
Por trás de tamanha movimentação encontram-se as disputas geopolíticas com o Irã e a iminente mudança na Presidência dos EUA.
De acordo com a agência estatal Sana, um dos locais atingidos foi Al Bukamal, cidade síria que controla o posto de fronteira da rodovia que liga Damasco a Bagdá, no Iraque —apontada como a principal rota iraniana para fornecer apoio a aliados na Síria e no Líbano.
Compartilhando fronteiras com a Síria, Israel busca evitar que o país possa se tornar um entreposto do Irã, que desde o início do conflito fornece ajuda militar ao ditador Bashar al-Assad.
A nação judaica, ao que tudo indica, tem-se valido dos últimos momentos do governo de Donald Trump para intensificar a postura agressiva contra o Irã, já que a chegada do democrata Joe Biden à Casa Branca deve mudar a atuação americana na região.
No fim de novembro, por exemplo, o cientista Mohsen Fakhrizadeh, considerado o principal pesquisador nuclear do Irã, foi assassinado enquanto viajava de carro nos arredores de Teerã, num ataque atribuído a Tel Aviv.
Trump impôs ao país persa sanções draconianas, além de arquitetar uma aliança anti-Irã em conjunto com nações árabes.
Biden já mostrou disposição não só de reavaliar tais medidas como também de reviver o acordo nuclear com Teerã. Parece o caminho mais adequado para corrigir a política externa errática de Trump na região e evitar que a escalada atual degringole em algo pior.
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