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O triunfo de Doria

Ação de tucano na crise, oposta à de Bolsonaro, é mais aprovada, diz Datafolha

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O governador de São Paulo, João Doria - Governo do Estado de SP

A disputa política entre o governador de São Paulo, João Doria, e o presidente Jair Bolsonaro, que se desenhou desde o início da pandemia de Covid-19, vai, por ora, pendendo a favor do paulista.

Segundo pesquisa Datafolha, 46% dos brasileiros entendem que Doria (PSDB) fez mais para combater o coronavírus do que Bolsonaro, apontado por apenas 28% como o mais empenhado na tarefa.

A sondagem captou um momento crucial da crise sanitária, marcado pelos esforços para a vacinação e controlar os efeitos devastadores de uma nova onda de contágios.

Nas duas frentes, em especial na corrida pela vacina, o governador tucano sobrepôs-se de maneira incontestável ao mandatário federal. Colhe o reconhecimento pela coordenação de medidas com vistas a manter a oferta de leitos nos hospitais do estado e suprir o país com um imunizante, o primeiro a ser utilizado em escala nacional.

Em contraste com a inércia negacionista e caótica de Bolsonaro, Doria submeteu suas ações a critérios técnicos e soube recorrer aos meios de que São Paulo dispõe para liderar a busca por objetivos que deveriam ser prioridade da administração federal. É o caso notório da parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac Biotech para fabricar a Coronavac.

Não se discute que as movimentações de Doria foram incentivadas por ambições políticas —são conhecidas suas pretensões de se projetar como nome nacional para lançar-se à Presidência em 2022.

Esse é um caso, porém, em que a disputa pela esfera pública revela-se virtuosa. A busca responsável pelo bem da população, não obstante inclinações ideológicas, é, afinal, o que deveria pautar a atuação de governantes e legisladores.

Já Bolsonaro visa sua reeleição, mas o faz de maneira desastrosa. Subestimou os efeitos do vírus, interveio no Ministério da Saúde por motivos eleitorais, fez campanha contra a vacina, propagandeou medicamentos inúteis e persiste nos ataques às normas sanitárias.

A tragédia da falta de oxigênio no Amazonas, além do fiasco na aquisição de imunizantes, com a contribuição do despautério diplomático de seu governo, são os resultados recentes dessa atuação deplorável. A favor do presidente, restam os impactos declinantes do auxílio emergencial —obra, na realidade, do Congresso.

Natural que nesse quadro Bolsonaro perca popularidade e se veja pressionado por movimentos pró-impeachment, enquanto Doria e outros governadores, apesar das agruras econômicas, sejam mais bem avaliados na gestão da pandemia —notadamente pelos mais expostos aos riscos e conscientes da dramaticidade da situação.

editoriais@grupofolha.com.br

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