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Thomas Yaksic Beckdorf

Gestão financeira para as instituições culturais

Além de recursos, vale buscar experiência administrativa das empresas

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Thomas Yaksic Beckdorf

Advogado e gestor cultural, é diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios para a América Latina na Theatre Projects Consultants

A pandemia que mantém os centros culturais fechados e os artistas subsistindo na internet podem aproveitar de um momento privilegiado para repensar um planejamento e uma gestão financeira sustentável. Uma instituição cultural que examina cuidadosamente seu trabalho e mantém contato com seus públicos e apoiadores pode fazê-los perceber porque ela é socialmente necessária.

Em geral, uma instituição cultural com suas portas fechadas deixa de receber entre 7% e 15% de sua renda total proveniente da venda de ingressos. Esta, exceto para espetáculos de massa, nunca foi sua principal fonte de financiamento. Em muitos países, incluindo o Brasil, os modelos de gestão diferenciam-se principalmente em função de sua fonte de financiamento ser majoritariamente privada ou pública. Em ambos os casos, as doações privadas e as contribuições do Estado são vistas mais como auxílios do que como parte de um modelo de contrapartidas. Esta crise obriga a abandonar modelos obsoletos e a contemplar desde contribuições consideradas auxílios merecidos até alianças estratégicas que transformem as empresas e o Estado em autênticos sócios das instituições culturais.

No âmbito corporativo, os centros culturais podem proporcionar muitas contrapartidas. As empresas precisam se conectar com suas comunidades, e as instituições culturais podem agir como catalisadores, principalmente quando queremos melhorar as oportunidades de diálogo na sociedade. E uma maior transparência no uso dos recursos estatais pelas instituições beneficiadas permitiria avaliar e demonstrar aos contribuintes seu impacto concreto na educação e na cultura.

A Rolex, por exemplo, em vez de fazer somente aportes financeiros, estabelece alianças com artistas e centros culturais, desde a formação de talentos até o patrocínio de programas associados aos centros culturais. Por meio dos “embaixadores”, beneficia-se ao associar sua imagem aos principais artistas mundiais, e suas fundações e programas contribuem para a educação e pesquisa, posicionando a marca em diferentes comunidades.

Além disso, as organizações culturais deveriam reexaminar sua estrutura de gastos. Uma instituição eficiente e transparente será atraente para uma empresa que busque posicionar-se em sua comunidade. Ao contrário, outra que tenha um modelo de gestão muito pesado e na qual ninguém saiba claramente como ela administra os recursos, por mais interessante que seja sua programação, não atrairá nenhuma empresa que busque uma aliança estratégica.

As empresas precisam estabelecer canais eficazes de comunicação com os consumidores. E os centros culturais precisam não apenas dos recursos financeiros das empresas, mas também de sua experiência administrativa. A criatividade também deve estar presente na gestão. Mudanças radicais na gestão dos centros culturais permitirão que desfrutem de uma boa saúde no futuro.

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