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Minorias sob ataque

É preciso investigar denúncias de ataques contra representantes de discriminados

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Casa da vereadora Carolina Iara (PSOL), atacada com tiros em SP
Imagem divulgada pelo PSOL de suposto ataque à casa de Carolina Iara de Oliveira na madrugada da última quarta (27) na zona leste da capital - Divulgação/PSOL

Uma série de atentados e atos de intimidação vem atingindo representantes eleitos de minorias e grupos que sofrem discriminação por questões de gênero ou cor.

Fruto de um crescente processo de conscientização e de luta por direitos que se dissemina no Brasil, a apresentação de candidaturas vinculadas a movimentos de defesa de mulheres, negros, homossexuais e transgêneros tornou-se mais expressiva nas eleições municipais do ano passado.

A crescente visibilidade de parlamentares desses segmentos tem despertado, contudo, reações violentas de ressentimento e preconceito que são intoleráveis à luz da cidadania e da convivência democrática —além de se caracterizarem como crimes comuns.

Foi o caso, por exemplo, noticiado no final do mês de janeiro, de Carolina Iara, integrante de mandato coletivo do PSOL na Câmara Municipal de São Paulo. A covereadora integra a Bancada Feminista, composta por seis pessoas, que mereceu 46.267 votos em nome de Silvia Andrea Ferraro.

Ataques foram também denunciados por outras duas parlamentares do PSOL, a covereadora Samara Sosthenes, do grupo Quilombo Periférico, e a vereadora Erika Hilton, negra e transexual, a mulher mais bem votada em 2020 no país, com mais de 50 mil sufrágios.

Convidada a participar do programa Roda Viva, da TV Cultura, Hilton não se furtou, em ato corajoso, a apontar a onda intimidatória que atinge colegas de Legislativo.

Não se trata, como se sabe, de um problema paulistano. Demonstrações deploráveis de discriminação têm sido registradas em diversas cidades e estados. Ganhou recente projeção nacional a vereadora Ana Lúcia Martins (PT), primeira negra eleita para a Câmara de Joinville (SC) —alvo de ofensas nas redes sociais e de ameaça de morte.

Registre-se que também em outros países, como os EUA, onde representantes de minorias têm obtido êxito em eleições, observam-se comportamentos análogos.

Além de medidas de proteção cabíveis, a cargo dos respectivos órgãos legislativos, é indispensável que os atentados sejam investigados pela polícia. É preciso impor limites à violência discriminatória que serve apenas para perpetuar o quadro de desigualdades que infelizmente ainda é realidade no país.

editoriais@grupofolha.com.br

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