Descrição de chapéu
Roberto Freire

Vacina agora, vacina já, vacina para todos

É preciso impedir o morticínio, estancar a omissão e a desídia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Roberto Freire

Ex-deputado federal e ex-senador, é presidente nacional do Cidadania

Assim como eu, milhões de brasileiros aguardam ansiosos a sua vez na fila da vacina contra a Covid-19: 73% condicionam a avaliação do presidente Jair Bolsonaro à vacinação, mostra a mais recente pesquisa Exame/Ideia Big Data.

Estamos novamente rumando para o pico da doença no Brasil. Registramos, no dia 11 de janeiro, 1452 mortes, com média de mais de mil mortes por dia há mais de 20 dias ininterruptos.

E tudo o que Bolsonaro tem a oferecer à população é um “não adianta ficar em casa chorando”. Logo ele, que não perdeu ninguém para o novo coronavírus e teve direito ao melhor tratamento possível quando contraiu a doença.

A situação crítica a que assistimos em Manaus (AM) já se repete em outras cidades do Norte, com a emergência de variantes que são mais transmissíveis e algumas possivelmente mais letais. Não sabemos se o padrão sazonal visto no ano passado se repetirá, mas o comportamento negacionista, omisso e desidioso de Bolsonaro e do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, é o mesmo.

Mais uma vez, a ciência nos diz que o único meio de impedir uma escalada ainda mais brutal de mortes e a dominância de linhagens do coronavírus que escapem à proteção oferecida pelas vacinas é acelerar o processo de imunização.

É preciso também cobrir o maior número de pessoas no menor espaço de tempo possível. A irresponsabilidade criminosa de Bolsonaro e Pazuello significa 7.000 vidas perdidas por semana, 30 mil por mês. Já são, no total, quase 240 mil mortes.

O governo federal repete diariamente que contratou mais de 350 milhões de doses de vacina. Mas elas não chegam porque são apenas acordos de intenção. O que é compra firme, como a vacina Oxford/AstraZeneca, a entrega está atrasada devido à desastrosa política externa comandada por um lunático que levou o país a brigar com seus principais parceiros comerciais.

Bolsonaro não tem o direito de dizer que não vai tomar a vacina. Não apenas pelo péssimo exemplo que dá, mas também porque isso coloca em risco a vida de outras pessoas. Mas não tem, acima de tudo, o direito de impedir que os brasileiros se imunizem. E é isso que ele vem fazendo ao se negar a investir na Coronavac. E foi isso que ele fez ao recusar oferta de 70 milhões de doses da Pfizer.

Se, hoje, o processo de vacinação é lento e já faltam as doses necessárias em vários estados, é porque Bolsonaro e Pazuello simplesmente se negaram a comprá-las. Só aquiesceram no caso da Sputnik, vacina produzida pela Rússia, porque virou questão de interesse do centrão.

O mesmo centrão ao qual está entregando o governo a fim de impedir um impeachment e brecar as investigações sobre suas relações com a milícia e os desvios milionários da organização criminosa de Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

É preciso impedir o morticínio, estancar a omissão e a desídia. O vice-presidente, Hamilton Mourão, precisa sinalizar que está disposto a assumir seu papel constitucional. E o Congresso tem de fazer o seu dever e proteger a população, a começar pela instalação da CPI da Pandemia.

À Procuradoria-Geral da República, que dê seguimento às apurações preliminares e torne Bolsonaro formalmente investigado. A cada dia que passa, a tristeza atinge mais e mais famílias, com as quais nos solidarizamos e em nome das quais pedimos que as instituições mostrem estar realmente funcionando.

Vacina já, e para todos.

TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.