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Marcia Farah Reis e Alcielle dos Santos

Economia solidária para emancipar mulheres

Sistema empodera as mulheres e promove inclusão socioeconômica

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Alcielle dos Santos

Pedagoga, faz parte da da Cooperativa de Professores Cipó Educação e do Coletivo Feminista e Antirracista EcoSol Mulher do Fórum de Economia Solidária da Baixada Santista.

Marcia Farah Reis

Psicóloga, trabalha na Prefeitura de Santos e integra o Coletivo Feminista e Antirracista EcoSol Mulher do Fórum de Economia Solidária da Baixada Santista.

O desemprego no Brasil atingiu a taxa média de 13,5% da população economicamente ativa em 2020, segundo o IBGE. Considerando somente as mulheres, esse percentual chega a 17%. A taxa de informalidade é de 38,7%.

A tendência é que a precarização se acentue com a desregulamentação das relações de trabalho. Há uma ampliação na sociedade do que ficou conhecido como “uberização”, condição em que os trabalhadores não têm direitos como décimo terceiro, férias e jornada de trabalho definida.

O desemprego entre as mulheres é historicamente maior, mas a emergência da pandemia acirrou as desigualdades entre homens e mulheres. Além disso, expôs a riscos de saúde aquelas que limpam os lugares para que as atividades capitalistas se desenvolvam. Comumente são mulheres pretas e pardas mal pagas que são utilizadas em tarefas rotineiras, alienadas.

Há, ainda, um aumento dos trabalhos domésticas para as mulheres devido ao fato de as crianças demandarem atenção e cuidados por estarem sem aulas. Esse quadro foi construído historicamente e se caracteriza como patriarcado, com a predominância da autoridade masculina, que se expressa com a dominação e exploração das mulheres para manter o capitalismo em funcionamento.

Nesse quadro, qual tipo de organização da economia e da sociedade deveria se tornar objetivo dos movimentos feministas e antirracistas para que as mulheres conquistem a emancipação? A economia solidária (EcoSol), caracterizada como o trabalho associado, principalmente por meio dos chamados empreendimentos econômicos solidários (EES), representados por associações, cooperativas e grupos informais, cria condições efetivas para o alcance desse objetivo.

Os EES são uma forma de emancipação das mulheres. A geração de renda lhes dá condições para uma vida melhor, as torna independentes. O compartilhamento da gestão e operacionalização das atividades diárias é pedagógico e promove crescimento por não haver a divisão social do trabalho. Além disso, há apoio mútuo em casos de violência doméstica.

A EcoSol empodera as mulheres independentemente da idade e promove inclusão socioeconômica. Muitas vezes as atividades que aprenderam desde crianças e que não são consideradas produtivas são exatamente aquelas que as emancipam.

Exemplos: Lavanderia 8 de Março, em Santos (SP), constituída por um grupo de mulheres que higienizam roupas; União das Mulheres Produtoras da Economia Solidária de Peruíbe (SP) que se dedica à produção de pães, corte e costura e artesania. Há agricultoras familiares no Vale do Ribeira (SP) que produzem com princípios da agroecologia. Há vários grupos de mulheres Brasil afora que se organizam com base nos princípios da EcoSol, como a autogestão e a democracia.

A EcoSol promove autonomia, inteligência coletiva e igualdade de gênero e raça. As relações são horizontais, pois as mulheres atuam em cooperação e, por isso, fazem a gestão sem exploração. =

Trata-se de um projeto de vida e de sociedade que possibilita a superação das dificuldades impostas pelo capitalismo.

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