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Edson Luiz Sampel

A Páscoa, o purgatório, o inferno e o céu

Percebamos o rosto de Cristo no pobre, no sem-teto

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Edson Luiz Sampel

Teólogo, é professor do Instituto Superior de Direito Canônico de Londrina

A Páscoa, e não o Natal, constitui a festa mais importante do cristianismo. Na Páscoa comemoramos a ressurreição de Jesus Cristo. De fato, como escreveu São Paulo, se Cristo não ressuscitou, vã torna-se nossa fé (1Cor 15,14). Todos os seres humanos ressuscitarão um dia, no fim do mundo, no juízo final. Por enquanto, só Jesus e a mãe dele, Santa Maria, ressuscitaram.

Quando alguém morre, não ressuscita imediatamente; o corpo está no féretro, diante de nós, que carpimos o óbito. Por isso, segundo a doutrina católica, temos de rezar pelas almas dos finados. Diz-se, esperançosamente, que a maior parte dos que faleceram encontra-se no purgatório, purificando-se para o céu. Oxalá!

Por desgraça, um sem número de almas padece as penas eternas do inferno. São os precitos. Expiraram sem a imprescindível conversão. Petrificaram-se, destarte, no ódio a Deus e aos semelhantes. Hoje em dia, quem são essas pessoas desditosas, condenadas ao fogo inexaurível, relegadas a latíbulo em que há choro e ranger de dentes (Mt 13,42)? O que elas perpetraram de tão ruim?

O Concílio Vaticano 2º subministra alguns critérios, apontando determinados pecados terríveis: “(...) tudo que atenta contra a própria vida, como qualquer espécie de homicídio, o genocídio, o aborto, a eutanásia e o próprio suicídio voluntário; tudo que viola a integridade da pessoa humana, como as mutilações, as torturas físicas ou morais e as tentativas de dominação psicológica; tudo que ofende a dignidade humana, como as condições infra-humanas de vida, os encarceramentos arbitrários, as deportações, a escravidão, a prostituição, o mercado de mulheres e jovens e também as condições degradantes de trabalho (...)” (Constituição pastoral “Gaudium et Spes”, n. 27).

Contemporaneamente, podemos pensar, a título de exemplo, nos fautores das chamadas fake news, os quais pecam acintosamente contra o oitavo mandamento do decálogo, que interdita a mentira. Ou, ainda, em todo jaez de corrupção do patrimônio público, quer cometida por políticos, quer por cidadãos.

Neste passo, profliga-se o sétimo mandamento do decálogo, o qual coíbe o furto. Os homens e as mulheres que realizam os atos vis declinados neste artigo, se não se arrependerem antes de morrer, desgraçadamente, encontram-se fadados ao báratro (Catecismo da Igreja Católica, n. 1861).
Deus deseja a salvação de todos os homens! Portanto, rejeitemos os pecados supramencionados e comportemo-nos sempre como bons crentes e cidadãos. Percebamos o rosto transfigurado de Cristo no pobre, no sofredor de rua, no sem trabalho, no marginalizado, no sem-teto etc. (Mt 25, 31-46). Afinal de contas, a Páscoa nos admoesta que a morte foi definitivamente vencida. “Onde está, ó morte, a tua vitória?” (1Cor 15, 55).

Jesus ressuscitou como primícias. Nós, também, ressuscitaremos. Uns para a danação que já sofrem no inferno; outros para a glória do céu. Se respeitarmos e amarmos o próximo, por causa de Deus, certamente elegeremos o caminho da felicidade sem fim, vulgo denominado céu, pois a vida continua depois da morte biológica.

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