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Aulas presenciais não deveriam voltar

No pior momento da pandemia, prioridade é o ensino remoto emergencial

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A Prefeitura de São Paulo autorizou a volta às aulas na cidade ao fim da fase emergencial no estado, que aconteceu nesta segunda-feira (12). Diferentemente de 2020, neste ano elas têm autorização para funcionar com até 35% da capacidade do prédio. Isso acontece por conta de decreto do governo estadual que transformou educação presencial em atividade essencial.

A volta às aulas neste momento contraria a opinião majoritária na comunidade científica: as escolas devem sim voltar antes de outras atividades, mas apenas quando a pandemia estiver sob controle. A fase vermelha do Plano São Paulo não é o momento para isso. Na verdade, apenas o endurecimento das medidas de distanciamento social —ou seja, a adoção de um lockdown real— pode controlar a pandemia nesse momento.

A Fiocruz publicou diretrizes para a abertura segura das escolas. Dentre os critérios usados no documento, que se baseou em indicações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, está o número de casos de Covid-19 no território por 100 mil habitantes. Para que as aulas voltem em segurança, esse número deve ser de, no máximo, 9. Na capital paulista, esse índice tem ficado por volta de 200 —ou 20 vezes mais do que o recomendado.

Enquanto os governos estadual e municipal insistem no retorno presencial, o que temos vivenciado na rede pública é o abandono das unidades educacionais e a inadequação predial. Apesar de terem ficado fechadas quase todo o ano passado, foram poucas as unidades reformadas para melhoria da ventilação e, até onde sabemos, nenhuma recebeu filtros de ar, medida que vem sendo considerada importante sob a luz de novas evidências. Tampouco há garantia de testagem RT-PCR e distribuição de máscaras PFF2 para estudantes, professores e funcionários.

Se não houve esforços para melhorar as escolas para o ensino presencial, a educação remota também está abandonada. Até a conclusão deste artigo, a distribuição dos tablets e chips prometidos no ano passado para os alunos ainda não havia começado. O Tribunal de Contas do Município de São Paulo está questionando a demora de entrega e a qualidade dos equipamentos. Na prática, isso significa que há alunos sem condições mínimas para estudar há mais de um ano, seja na escola ou em casa.

O retorno presencial parcial não é a solução: A maioria dos alunos estará, todos os dias, no ensino remoto, com o atendimento comprometido pela falta de profissionais, sem que nenhuma garantia —de aprendizagem ou saúde— seja oferecida aos que retornam.

A pandemia não está controlada, e por isso somos contra a reabertura das escolas neste momento. Exigimos que um ensino remoto de qualidade seja realidade para os estudantes da rede municipal e que as escolas sejam reformadas e vistoriadas pela Vigilância Sanitária. Só assim será possível vislumbrar uma possibilidade de retorno seguro para todos.

Ciça Teixeira
Arquiteta

Luka Franca
Jornalista

Mell Kague
Confeiteira

Thalita Pires
Jornalista

* Todas as autoras são integrantes do Movimento Famílias pela Vida ​

TENDÊNCIAS / DEBATES
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