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Emergência social

Auxílio volta a ser pago em cenário crítico de desemprego e alta de alimentos

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Fila para o novo auxílio emergencial em São Paulo - Rivaldo Gomes/Folhapress

A nova e reduzida versão do auxílio emergencial começa enfim a ser paga, em meio às incertezas do pior momento da pandemia de Covid-19 no país. Após um hiato de três meses, o benefício encontra o país em situação social dramática.

Em tese, a atividade econômica retornou no início deste ano aos níveis pré-crise. O índice do Banco Central que considera a produção de indústria, serviços e agropecuária (IBC-Br) marcou em janeiro último uma cifra semelhante à de fevereiro de 2020, descontadas variações sazonais.

Entretanto essa recuperação não se estende ao cotidiano das famílias. No trimestre encerrado em janeiro, segundo a pesquisa do IBGE, a taxa de desemprego foi de ainda elevadíssimos 14,2%, o que significa 3 pontos percentuais acima do medido 12 meses antes.

São 14,3 milhões de trabalhadores que não conseguem ocupação, além de 5,9 milhões de desalentados (que desistiram de procurar vagas) e 6,8 milhões de subocupados (com insuficiência de horas trabalhadas). Os números estão entre os piores da série histórica iniciada em 2012, superando os da recessão de 2014-16.

É provável, ademais, que o cenário tenha se agravado desde então, assim como os números da tragédia da pandemia —que forçaram o endurecimento de restrições à circulação e minaram a confiança de empresários e consumidores.

Há mais: os preços dos alimentos que fazem parte da cesta do IPCA subiram 16,2% nos últimos 12 meses, enquanto a massa de rendimentos reais do trabalho mostrou um recuo anual de 6,9%.

Tudo considerado, parece evidente que o país vive um momento de alta da pobreza e até da fome, como já indicam pesquisas e levantamentos extraoficiais.

O auxílio emergencial pago em 2020 sem dúvida evitou uma recessão mais profunda e um colapso social, mas o desembolso na casa dos R$ 300 bilhões beneficiou estratos que dele não necessitavam —ou não necessitavam de todo o valor pago— e não poderia ser repetido sem um impacto devastador na dívida pública.

O governo Jair Bolsonaro jogou fora a chance de renovar o programa de modo mais planejado e sustentável do ponto de vista financeiro. Haveria dinheiro a ser remanejado no Orçamento para tal finalidade, mas prevaleceram a inoperância do Executivo e o oportunismo imediatista do Congresso.

Não há segurança de que o auxílio médio de R$ 250, a ser pago ao longo de quatro meses a um contingente estimado em 45,6 milhões de pessoas, vá evitar a contento um agravamento do drama vivido pelas famílias vulneráveis. Em qualquer hipótese, a experiência precisa ser aproveitada para o aperfeiçoamento das políticas de combate à pobreza e à desigualdade.

editoriais@grupofolha.com.br

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