Descrição de chapéu
O que a Folha pensa

Biden na Europa

Americano avança aos poucos com seu plano contra a China, mas sem resultado com Putin

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Os presidentes Vladimir Putin (à esq.), da Rússia, e Joe Biden, dos EUA, durante encontro em Genebra, na Suíça - Denis Balibouse/EFE

O presidente americano, Joe Biden, tem pressa. Em quase cinco meses de mandato, buscou abarcar diversos problemas externos e internos, cioso do capital político resultante da disputa na qual derrotou Donald Trump em 2020.

Tal abordagem traz riscos naturais de frustrações. Mas, ao menos no campo internacional, o líder do principal país do mundo parece ter achado um foco renovado em seu embate projetado com a China.
Um homem do século 20, Biden tem usado ferramentas diplomáticas tradicionais na sua empreitada.

Ele encerrou nesta quarta (16) uma visita de oito dias pela Europa, na qual cumpriu o papel mais desprezado por seu antecessor, o de uma liderança gregária.

Assim, arrancou da reunião com o grupo de países ricos do G7 a inclusão de termos duros contra Pequim em comunicado conjunto. Na sequência, fez o mesmo no escopo militar da Otan, a aliança criada em 1949 para fustigar a então União Soviética que segue em perdida missão contra a Rússia.

Aqui o efeito foi menos drástico do que ali: um clube maior, com 30 membros, a Otan abarca países nitidamente refratários a desagradar diretamente os chineses, como é o caso da Hungria e da Polônia.

Ainda assim, a potência asiática entrou no rol de incômodos à segurança ocidental em um documento da aliança pela primeira vez.

No dia seguinte, terça (15), foi a vez da cenoura. Com membros da União Europeia, bloco cuja filiação quase se sobrepõe à da ​Otan, Biden patrocinou o fim de uma longa disputa tarifária entre as gigantes de aviação Boeing (EUA) e Airbus (um consórcio europeu).

Teoricamente, a ação visa unir forças para evitar a entrada dos aviões chineses da Comac, estatal em ascensão, no mercado internacional. Parece algo exagerado, dada a penetração possível do produto rival, mas demonstra que a retórica ganha contornos práticos.

Apesar dos limites enfrentados, a incursão só não foi um sucesso total porque no último dia ele teve deve de deixar a rival da Guerra Fria 2.0 de lado e lidar com o titular da primeira edição do torneio.

Ao encontrar-se com Putin em Genebra, desfiou suas insatisfações e ouviu as do russo, sem avanços bombásticos para apresentar em temas como a disputa na Ucrânia ou os direitos humanos.

Para o otimista, ao menos os homens que guardam 90% das ogivas nucleares do mundo tiveram uma conversa franca. É um começo.

editoriais@grupofolha.com.br

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.