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Centro estreito

Por exclusão, PSDB toma a dianteira na tentativa de uma terceira via em 2022

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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) - Mathilde Missioneiro/Folhapress

Faltam um ano e quatro meses até a eleição presidencial. Em política, trata-se de uma eternidade, o que equivale a afirmar que tudo o que não é proibido pelas leis da física pode acontecer. Isso dito, a perdurarem as atuais tendências, o espaço para a muito debatida candidatura de centro vai se estreitando.

Os protagonistas no processo são o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ora líder nas pesquisas, e o atual, Jair Bolsonaro. Por mais enfraquecido que este pareça hoje, governantes que disputam a própria reeleição costumam ser competitivos. E, no que caracteriza o fenômeno da polarização, a candidatura de um reforça a do outro.

Não se segue daí que os dois se espelhem em radicalismo, compromissos democráticos ou moralidade, mas que a rejeição de grande parcela do eleitorado a Lula beneficia Bolsonaro, e a ojeriza de outra parte a Bolsonaro favorece Lula.

Mas, se tal cenário traz dificuldades para um nome ao centro, não chega a ser um impeditivo. Acontecimentos recentes, ao reduzir o estoque de potenciais postulantes pela chamada terceira via, a tornam, em tese, mais viável.

O apresentador de TV Luciano Huck anunciou sua desistência. O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta tem suas possibilidades diminuídas pela autoimplosão de seu partido, o DEM.

O ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro também parece cada vez mais afastado da política, em boa medida devido aos reveses sofridos nos últimos meses, na esteira da divulgação das mensagens trocadas com procuradores da Operação Lava Jato.

Restam Ciro Gomes (PDT), mais à esquerda, e o candidato do PSDB, ainda por ser definido. Embora o partido tenha fracassado no último pleito presidencial, com menos de 5% dos votos válidos, permanece uma força considerável.

A legenda acaba de tomar a decisão importante de realizar prévias —um avanço, ainda que o peso do voto dos mandatários (75%) seja muito superior ao da preferência dos filiados (25%). Estão no páreo, agora, os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), o senador Tasso Jereissati (CE) e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio.

Além de governar o estado mais rico do país, Doria tem a seu favor o empenho na vacinação. Entretanto carrega problemas consideráveis de imagem, como ter se associado a Bolsonaro em 2018 e usado cargos eletivos como trampolim político —fora o escasso apelo fora de São Paulo.

O caminho da terceira via não se mostra fácil, mas, repita-se, há tempo considerável até a eleição. O país continuará às voltas com os impactos das crises sanitária e econômica, para os quais esperam-se respostas de todas as candidaturas.

editoriais@grupofolha.com.br

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