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Faroeste Caboclo

Presidente da CBF é afastado para conter crise que chegou ao terreno político

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Rogério Caboclo, afastado da presidência da CBF - Douglas Shineidr - 9.abr.19/AFP

O afastamento de Rogério Caboclo da presidência da Confederação Brasileira de Futebol, em meio ao imbróglio da realização da Copa América no Brasil, retira de cena um dirigente que deu renovadas mostras de inadequação em pouco tempo e é acusado de grave desvio de conduta ao assediar uma funcionária da entidade.

Caboclo ensaiava uma aproximação com o presidente Jair Bolsonaro, em mais um deplorável episódio de associação entre o esporte e interesses políticos de ocasião. Prevaleceu, porém, a evidência de que seu comando tornou-se insustentável, deixou de ser conveniente para a cúpula da CBF e passou a incomodar os patrocinadores.

Candidato único, eleito em 2018 para um mandato de quatro anos, a ser cumprido a partir de 2019, o então diretor-executivo da entidade chegou ao posto apadrinhado pelo ex-presidente Marco Polo Del Nero, envolvido em escândalo de corrupção investigado pelo Departamento de Justiça americano.

O vice, José Maria Marin, também implicado no caso, foi preso e condenado à prisão nos EUA.

Banido pela Fifa de todas as atividades ligadas ao futebol, Del Nero não mais deixou o país com medo de ser preso. Continuou, contudo, a exercer forte influência nos bastidores —e foi decisivo para a eleição de seu sucessor.

Caboclo, portanto, é herdeiro ocasional de uma longa dinastia de presidentes acusados de desmandos na CBF, da qual faziam parte Ricardo Teixeira e seu ex-sogro João Havelange —que posteriormente presidiu a entidade máxima da modalidade.

Seu afastamento, embora formalmente justificado para que se defenda das acusações da funcionária, tende a ser irreversível. A saída de cena pode significar algum alívio e reduzir a contrariedade da comissão técnica e dos jogadores com a decisão apressada de trazer a Copa América ao Brasil.

A controvérsia ultrapassou a fronteira esportiva e chegou aos terrenos sanitário e político —e não é certo que esteja encerrada.

editoriais@grupofolha.com.br

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