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Pedro Coutinho

Um marco para o mercado varejista e financeiro

Medidas que entram em vigor no sistema bancário mudam paradigma no comércio

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Pedro Coutinho

Presidente da GetNet e da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços)

As novas regras do Banco Central sobre recebíveis representam uma mudança de paradigma para os varejistas. Entre as novidades que serão colocadas em prática a partir desta segunda-feira (7) estão a possibilidade de uma credenciadora antecipar os valores das vendas de outras adquirentes e o fracionamento de recebíveis para que os lojistas possam usá-los como garantia de crédito. São medidas que proporcionam ainda mais liberdade para que os comerciantes possam, a qualquer hora, buscar melhores benefícios no mercado.

Tudo isso será realizado dentro de um ambiente regulado pelo Banco Central, que estima um mercado de crédito garantido por recebíveis de cartão em R$ 2 trilhões por ano. Ou seja, há um potencial enorme e muito bem-vindo para contribuir com a recuperação da economia do país.

Pedro Coutinho - Presidente da GetNet e da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços)
O presidente da Getnet, Pedro Coutinho - Divulgação

Os recebíveis são aqueles valores que os estabelecimentos comerciais recebem a partir das transações com cartões de crédito e débito, sempre intermediadas pelas empresas adquirentes. O registro desses recebíveis é algo extremamente estratégico sob o ponto de vista de gestão financeira dos empreendedores.

A Circular BCB 3952, que regulamenta o tema, está na pauta do governo, das empresas de adquirência (credenciadoras, subcredenciadoras) e dos bancos há ao menos três anos, quando se percebeu a necessidade de oferecer mais segurança jurídica ao processo de concessão de recebíveis e de crédito aos varejistas, sobretudo pequenos e médios, que muitas vezes dependem desta operação para conseguir fluidez no caixa e expandir suas operações.

Colocando uma lupa sobre o tema e excluindo as questões técnicas e de adaptação do setor, as mudanças promovem desafios que impulsionam a busca por excelência no relacionamento de parceria com os clientes. Este é o ponto mais importante.

O contrato entre lojistas, credenciadoras e bancos sempre foi transparente, mas a operação não era flexível. A agenda de recebíveis estava num sistema enrijecido e precisava se transformar e modernizar, especialmente no momento em que o Banco Central leva ao mercado novos serviços e plataformas abertas, como o PIX e o Open Banking.

A nova norma de recebíveis, porém, vai proporcionar um ambiente mais atrativo para os varejistas e, ao mesmo tempo, mais competitivo aos agentes financeiros. O resultado é mais desenvolvimento, maior liquidez no mercado e um aumento nas possibilidades dos empreendedores.

Segundo a Abecs, associação que representa o setor de meios eletrônicos de pagamentos, as transações com cartões de crédito, débito e pré-pago chegaram a R$ 2 trilhões em 2020. Neste ano, a previsão é de um crescimento entre 18% e 21%. Trata-se de um mercado forte e consolidado que tem recorrentemente investido em infraestrutura, tecnologia e inovação.

O sistema financeiro vem passando por grandes transformações e caberá aos "players" desenvolver produtos e serviços inovadores, além de ter um bom plano de negócios, uma vez que o segmento de adquirência está comoditizado. A chave aqui é ir além, sempre com foco no cliente, mostrando que o setor está pronto para uma nova jornada.

Nos últimos dez anos, inclusive, o segmento trouxe diversas inovações. Vale citar a quebra do duopólio que existia, possibilitando a abertura de mercado; a interoperabilidade de bandeiras de cartão nas maquininhas; o desenvolvimento de tecnologia embarcada nesses dispositivos, que hoje somam no Brasil mais de 11 milhões, permitindo ao lojista gestão de suas vendas; e o NFC ("Near Field Communication"), que melhorou a experiência do consumidor com o pagamento digital e a distância.

Por último, mas não menos importante, suportou todo o crescimento das transações online, próximo de três dígitos nos últimos 12 meses, por meio de sistemas de segurança robustos.

Obviamente, uma boa oferta de valor é fundamental, mas também precisamos apresentar aos clientes o que mais agrega ao seu trajeto empreendedor, o quanto é possível contribuir para o crescimento do seu negócio e efetivamente transformar-se em um parceiro estratégico e indispensável.

É um enorme desafio, mas tenho certeza de que estamos num caminho que tende a ser mais democrático e próspero. Trata-se de um marco tanto para o varejo quanto para o setor financeiro.

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