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Alerta energético

Projeção mostra risco de escassez de eletricidade, o que exige senso de urgência

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Represa com nível de água baixo na cidade de Areado, interior de Minas Gerais - Eduardo Anizelli/Folhapress

São alarmantes as novas projeções divulgadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a apontar para maior risco de escassez de energia até o fim da estação seca, a mais rigorosa em 91 anos.

O ONS atualizou as estimativas de consumo de eletricidade, que ficaram cerca de 20% maiores para os próximos meses em razão de maior crescimento esperado da economia neste ano (4,5%, ante 3% da projeção anterior) e da demanda de setores mais intensivos no uso de energia, como a indústria.

Em um dos cenários imaginados, o mais conservador, o problema pode ser mais grave porque a disponibilidade de energia termelétrica calculada diminuiu após estudos mais detalhados considerarem fatores capazes de impedir o fornecimento de algumas usinas.

Levando em conta apenas as projeções de consumo, sem medidas compensatórias, nesse panorama mais pessimista de uso das térmicas o nível dos reservatórios atingiria patamares mínimos —de 10% no subsistema Sudeste/Centro-Oeste e de 9,5% no subsistema Sul, que juntos respondem por 74% da capacidade de fornecimento.

Há mecanismos para melhorar a oferta, como a antecipação da entrada em operação de usinas térmicas em construção, reprogramação de paradas para manutenção, importação de energia e também o desestímulo à demanda por meio de tarifas mais altas, que já estão sendo praticadas.

Mesmo no cenário mais positivo a incorporar todas essas ações, contudo, o sistema operaria perto dos limites até novembro, quando o início da estação chuvosa tende a aliviar a situação.

Não se descarta ao final do período seco o risco de insuficiência de potência para atender o consumo em horários de pico, o que pode causar apagões, ainda que não haja perspectiva de racionamento generalizado neste ano.

Na verdade, o problema não é tanto 2021, mas o que pode ocorrer no ano que vem. Todas as simulações do ONS levam em conta o cenário até novembro e, a partir daí, contam com o fim da crise hídrica para recompor a capacidade e afastar o risco de falta de energia.

Mas, se as chuvas forem novamente insuficientes, como tem sido a regra nos últimos anos, os níveis dos reservatórios podem não subir o suficiente para afastar a probabilidade de problemas maiores.

É essencial que o planejamento do setor considere o que pode ocorrer nessa hipótese mais pessimista. E até aqui tudo sugere que não existem ainda planos claros para lidar com essa contingência.

Além do uso mais eficiente dos recursos disponíveis, cabe antecipar o planejamento para contratação de muito mais oferta, de todas as fontes possíveis. Construir essa capacidade é tarefa que não se leva a cabo em poucas semanas.

editoriais@grupofolha.com.br

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