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Luiz Thadeu Nunes e Silva

Ouso falar "minha Folha", tamanha a proximidade com o jornal

O jornal está na frente, não se acomodou, soube se reinventar ao longo do tempo

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Luiz Thadeu Nunes e Silva

Engenheiro agrônomo, palestrante, cronista e viajante

Ouso chamar a Folha de minha, tamanha a proximidade com o jornal. A relação começou cedo em minha vida, lendo a Folha na casa de amigos próximos. Minha mãe, dona Dinha, professora primária, me estimulou o gosto pela leitura.

Minha história com a Folha já dura 35 anos e três meses. Primeiro comprando em bancas; depois como assinante do impresso. O jornal embarcava logo cedo em Garulhos e chegava em minha casa, em São Luís (MA), no início da tarde. Só podia lê-lo quando retornava do trabalho, à noite, ou no dia seguinte.

Em dias de chuva, o jornal às vezes chegava encharcado, o que impossibilitava a leitura. Tive muitas brigas com os entregadores. Ao descobrir o contato do distribuidor, passei a ligar sempre que havia atraso.

Luiz Thadeu Nunes e Silva, leitor contumaz da Folha, com a edição do caderno Cotidiano, de 2015, que traz reportagem sobre sua vida
Luiz Thadeu Nunes e Silva, leitor contumaz da Folha, com a edição do caderno Cotidiano, de 2015, que traz reportagem sobre sua vida, em São Luís (MA) - Acervo pessoal

Foram muitos os momentos emocionantes com o jornal. Meu pai morreu em janeiro de 2015. Entrei em contato com a seção de obituário da Folha e contei sua trajetória. Saiu um belo relato da vida de Luiz Magno Gomes e Silva (1931-2015).

Alegria maior foi quando tive minha história contada em página inteira na Folha, pouco depois. Sofri um grave acidente de carro em 2003, tive fratura exposta de fêmur, passei por 43 cirurgias, quatro anos em leitos hospitalares. Após seis anos em tratamento, aprendi a andar com muletas e ganhei o mundo.

Ao somar 75 países visitados, tive a honra de contar essa história no caderno Cotidiano, em fevereiro de 2015.

Transferido para São Paulo, fiz tratamento no hospital São Camilo, de Santana, e obtive autorização para receber o exemplar da Folha no quarto. Soube depois que fui o primeiro paciente a receber o jornal todos os dias naquele hospital.

No período de internação, passei a escrever cartas para as Redações de jornais e revistas, só na Folha foram publicadas mais de cem. A Folha é meu megafone.

A reportagem na Folha me deu visibilidade e abriu caminho para muitas outras. Fui citado em jornais e revistas do Brasil e de outros países.

Continuei viajando e hoje, com assinatura digital, leio a Folha online em qualquer lugar do planeta. Imagine a alegria de ler a Folha em um café em Kathmandu (capital do Nepal). Já visitei 143 países, sou o brasileiro com mobilidade reduzida que mais se aventurou pelo mundo.

Por causa da pandemia do coronavírus, estou em casa, em São Luís, concluindo um livro das andanças pelos países. De missivista a cronista, hoje escrevo artigos para jornais de minha cidade, de Teresina e de Natal, influenciado em grande parte pelos mestres do jornalismo da Folha: Clóvis Rossi, Carlos Heitor Cony, Ferreira Gullar, Moacyr Scliar, Contardo Calligaris, Gilberto Dimenstein, Otavio Frias Filho, Elio Gaspari e Ruy Castro. Aos 62 anos, e 40 anos após me graduar em agronomia, iniciei o curso de jornalismo.

Que jornal brasileiro tem um ombudsman, pago para criticá-lo? A Folha. Isso é sinal de respeito com o leitor, ou, para usar um velho slogan do jornal, “de rabo preso com o leitor”.

A Folha é instigante, vibrante, plural, moderna, crítica e libertária, como deve ser um jornal antenado com seu tempo, que respeita a pluralidade de ideias, preza a liberdade e valoriza o contraditório.

Sempre na vanguarda, tem credibilidade e o respeito de seus leitores. A Folha está na frente, não se acomodou, soube se reinventar ao longo do tempo.

Parabéns Folha, parabéns minha Folha, pelos primeiros 100 anos.

TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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