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Turismo orbital

Bilionários são primeiros passageiros no mercado de passeios à borda do espaço

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Desenho do interior da cabine da aeronave do bilionário Richard Branson - Reuters

Ao alcançar 86 km de altitude sobre o Novo México, o bilionário Richard Branson inaugurou a era do turismo espacial —ou suborbital, dirão os céticos. Não resta dúvida, porém, de que sua empresa Virgin Galactic marcou um tento na competição por esse mercado restrito.

O próprio Branson torrou mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,1 bilhões) e consumiu 17 anos para realizar o sonho de todo adolescente aficionado pelo espaço. O próximo bilionário a se projetar no éter será Jeff Bezos, dono da Amazon, na terça-feira (20), a bordo de um foguete de verdade da Blue Origin, sua companhia aeroespacial.

Branson voou por apenas uma hora na aeronave Unity 22, protótipo com ares de avião, e pôde experimentar a sensação de ausência de peso, mas não alcançou ambiente espacial propriamente dito.

Ficou aquém da linha de Karman, a 100 km da Terra, limite internacionalmente reconhecido para adentrar o espaço extraterrestre.

Do ponto de vista comercial, a diferença é sutil, se não irrelevante. Michael Colglazier, executivo-chefe da Virgin Galactic, tem planos para enviar clientes em mais de um voo por dia, mas não detalha como nem quando (há 600 deles na lista de espera depois de depositarem, cada um, US$ 130 mil dos US$ 250 mil da passagem).

O objetivo do passeio suborbital até a beirada do espaço teve claro propósito promocional. A decolagem da Unity com o proprietário na cabine de quatro passageiros foi antecipada logo que Bezos marcou data de sua viagem, em face da qual o magnata amealhou US$ 28 milhões (R$ 145 milhões) com leilão de assento junto ao seu.

O outro ricaço de olho na órbita terrestre é Elon Musk, dos carros elétricos Tesla e da Space X. Estima-se que o mercado de viagens de longa distância em naves aeroespaciais possa alcançar US$ 20 bilhões ao ano, se o trio excêntrico conseguir ultrapassar todas as barreiras regulatórias.

Para efeito de comparação, com esse valor seria possível adquirir quase 3 milhões de doses da vacina da AstraZeneca. Ou, então, pagar 347 mil benefícios do novo Bolsa Família anunciado pelo governo, a R$ 300 por domicílio.

Até o presente, meros 583 terráqueos romperam a barreira dos 80 km, seguindo a trilha aberta por Iuri Gagárin há 60 anos. Ainda vai demorar para um número significativo de seres humanos terem a chance de vislumbrar, como o russo pioneiro, que a Terra é azul.

editoriais@grupofolha.com.br

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