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Ronan Wielewski Botelho

Democratismo

Na alegria e na tristeza, na saúde ou na doença, trata-se de um casamento eterno com o Brasil

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Ronan Wielewski Botelho

Advogado, é criador do Movimento Reforma Brasil

A história mostra que todos os povos conquistaram a democracia através da luta. E, fatos notórios mostram que, onde ainda não há, existe forte tensão bélica para a conquista. Em absoluto, hodiernamente qualquer autoritarismo não se sustenta, o democratismo é inevitável.

Não se pode mais olvidar que a democracia não é apenas uma forma de governo ou regime político de um país soberano, mas uma força viva. Porque assim como respirar, falar e andar, ser livre configura-se em mecanismo genuíno da espécie humana, agimos instintivamente.

O “Discurso da Servidão Voluntária”, escrito em 1548 por Étienne de La Boétie, que trata de uma crítica à legitimidade dos governantes ditos “tiranos”, diz no ponto alto que “o homem é naturalmente livre e quer sê-lo, mas sua natureza é tal que se amolda facilmente à educação que recebe”. Mostrando-nos a linha de pensamento para todo o esforço aqui.

Os escassos governos antidemocráticos só sustentam o domínio quando conseguem manter o povo literalmente desconectados do mundo.

A tecnologia trouxe acesso à informação e pesquisa, que mostra facilmente aos cidadãos do mundo que a democracia associada à liberdade individual com responsabilidade traz prosperidade e riqueza; não há espaços para retrocessos, ninguém aceita servidão opressora.

No Brasil, suportou-se os inegáveis e graves erros na condução da crise do novo coronavírus e desajustes da família Bolsonaro; o que incinerou a vida política do presidente foram as tentativas de golpe.

Frisa-se: engana-se quem acredita que houve fanfarrices ou bravatas. Jair Bolsonaro tentou, de fato e visivelmente, colocar o povo na rua e acionar o Exército a seu favor, mas não obteve sucesso.

É cediço que a democracia exige vigilância perene e aprimoramentos com o tempo. E nossas instituições, bem como a sociedade, mostram alinhamento com essa afirmação. Não merecíamos neste momento; entretanto, precisávamos passar por um governo dito, lido e tido militar para mostrar-nos a realidade de que não há salvador da pátria.

O Supremo Tribunal Federal cumpre com maestria seu papel, o de guardar a Constituição Federal na exata linha que defendia o eterno Ruy Barbosa: “Até aqui permite a Constituição que vás; daqui não permite a Constituição que passes”.

Subprocuradores unidos pediram reação do procurador-geral da República, Augusto Aras, que claramente é omisso aos atos terroristas do presidente. "Incumbe prioritariamente ao Ministério Público a incondicional defesa do regime democrático, com efetivo protagonismo", diz o puxão de orelhas.

A sociedade civil mostrou em vários momentos que está atenta com a República do Brasil; por exemplo, no impasse que surgiu sobre a invenção do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que dura até hoje, sobre a falta de prazo para o despacho inicial das petições de impeachment. Requerimentos diversos foram feitos no STF e projeto de lei apresentado no Legislativo.

Intelectuais e empresários lançaram manifesto sobre a manutenção das eleições após ameaças do ministro da Defesa. Que, por acaso, nesta prosa, também houve cobrança social para os deputados enterrarem o choro antecipado do voto impresso.

Com juras de amor recíproco, na alegria e na tristeza, na saúde ou na doença, a democracia e o Brasil selaram um casamento eterno. No Brasil, o democratismo é inegociável.

TENDÊNCIAS / DEBATES
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