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Rossieli Soares

Lugar de estudante é na escola

Colégios de SP estão preparados para receber todos os profissionais e alunos

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Rossieli Soares

Secretário da Educação do estado de São Paulo, foi ministro da Educação (2018, governo Temer)

Um ano e meio depois de a pandemia do novo coronavírus ter entrado em nossas vidas, ainda há quem queira manter crianças fora da sala de aula. É revoltante, desumano. São crianças, jovens, mães e pais que são deixados de lado. E, na falta de argumento que se sustente, repetem o mantra de “falta de condições”.

Fico me perguntando o que seria essa falta de condição? As escolas hoje estão muito mais bem estruturadas do que anos atrás, quando se tinha aula normalmente. Estamos reformando as unidades desde 2019, quando assumimos. Aprovamos o Programa Dinheiro Direto na Escola de São Paulo (PDDE-SP), e a ponta tem dinheiro para o que for necessário no combate à doença. Entre 2020 e 2021, foram R$1,5 bilhão repassados diretamente às escolas. Jamais houve tanto investimento nas unidades escolares. Nossas escolas não são mais as mesmas.

O vírus ainda está entre nós —e talvez continue por muito tempo, pelo que especialistas dizem—, mas nosso conhecimento sobre ele é muito maior. Temos vacina. Fabricamos e enviamos para outros estados. E, principalmente, aplicamos. Pelo total empenho do governador João Doria (PSDB), São Paulo é foi o primeiro estado a iniciar a vacinação dos profissionais da educação e é o mais adiantado do país na imunização, com mais de 60% da população com pelo menos uma dose.

O governo paulista fez de tudo para manter o aprendizado dos estudantes durante o tempo de isolamento. Desde as primeiras medidas, como a homologação do ensino à distância, a organização do teletrabalho nas escolas e a suspensão das aulas, houve muitas ideias, reuniões, diálogos com pais, com gestores escolares e com gestores municipais e planos colocados em prática para minimizar os efeitos da pandemia na aprendizagem.

Antecipamos semanas de férias e recesso, implementamos digitalização do processo de entrega dos certificados dos candidatos aprovados via Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), criamos o Merenda em Casa, trabalhamos dia e noite para colocar o Centro de Mídias de SP e a TV Educação de pé, realizamos avaliações de diagnóstico para recuperação de estudante, criamos o quarto ano do ensino médio, demos auxílio para pagamento de internet móvel. E, entre tantas outras iniciativas, nossos professores foram colocados como grupo prioritário para receber as doses de vacina.

Tudo isso foi conquistado com iniciativa própria do governo de São Paulo e mostra que estamos priorizando a educação para aquele que deve ser colocado no centro da discussão: o estudante. É para ele que todos os envolvidos devem trabalhar —e isso inclui pais, professores, profissionais das escolas, governos, parceiros, sindicatos e qualquer um que esteja envolvido na educação. O aprendizado do estudante é a nossa entrega final.

Sem aula presencial esse aprendizado está prejudicado. As perdas dificilmente serão recuperadas, mas precisamos minimizar esse impacto. A ausência dos jovens presencialmente nas escolas é um debate mundial, inclusive em países que possuem modelos públicos de referência.

O contato social é fundamental para o aprendizado, ainda mais quando falamos de crianças. O Brasil precisa parar de colocar outros fatores acima delas. O lugar do estudante é na sala de aula com outros estudantes. E, infelizmente, há quem queira acabar com esse contato ao ser contra o retorno das aulas presenciais neste momento em que os números caem e a vacinação avança.

Nunca seremos um país evoluído enquanto estivermos esse tipo de comportamento irresponsável de uma parcela da sociedade motivada apenas por questões pessoais e interesses próprios. Passamos a pandemia deixando crianças e jovens fora da escola ao mesmo tempo que muita gente se aglomerava em festas, áreas de lazer de condomínios, praias e tantos outros lugares.

Nossas escolas estão preparadas para receber todos os profissionais da educação e nossos estudantes em um ambiente seguro e seguindo todos os protocolos. Vamos voltar com cuidado e atenção, respeitando a ciência e avançando na vacinação. Mas vamos voltar.

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